quarta-feira, dezembro 03, 2008

"DAVID E GOLIAS" CIDADE ENCONTRADA EM ISRAEL?

Mati Milstein em Tel Aviv

para Notícias National Geografic

21 de Novembro de 2008


Os restos de uma porta antiga apontam a posição da cidade bíblica Sha'arayim, dizem os arqueólogos que trabalham em Israel.

Na Bíblia o jovem David, futuro rei de Israel, é descrito como quem batalha contra Golias no Vale de Elah, perto de Sha'arayim.

A porta fortificada da Fortaleza Elah — a segunda encontrada no sítio – comprova a existência de Sha'arayim, que significa "duas portas" em hebraico, disse o arqueólogo da Universidade hebraica Yosef Garfinkel.

"Em todos os sítios descobertos deste período, por enquanto, só foi encontrada uma porta fortificada. Nesse caso temos duas portas e isto é excepcional," disse Garfinkel.

A porta, construída de pedras que pesam até dez toneladas, foi localizada no lado oriental do sítio, de frente para Jerusalém.


Evidência de Rei David


A descoberta é o segundo achado recente a ser feito no Vale de Elah, conhecido como fortaleza de Khirbet Qeiyafa no árabe — que é localizado perto da cidade israelense atual de Bet Shemesh.

Em Outubro, Garfinkel revelou um élitro de cerâmica de 3.000 anos, com um texto que acreditada ser em hebraico, então saudado como a descoberta arqueológica mais importante em Israel desde os Manuscritos do Mar Morto.

A datação com carbono-14 bate com a data das covas de azeitona encontradas no sítio, bem como a análise da cerâmica, colocou o texto entre 1000 e 975 a.C. o período em que teria vivido o rei David.

Garfinkel acredita que a descoberta fornece, além disso, evidência que a cidade fortificada, ou o posto avançado, foram a parte de um sistema governamental centralizado administrado pelo Rei David, a cabeça da Monarquia de Israel.

A fortaleza é o primeiro sítio encontrado da Idade de Ferro, num território que foi controlado pelo Rei David. Sha'arayim é mencionada três vezes na Bíblia e está relacionada a David duas vezes. "Tudo colabora para esta compreensão — a geografia, a Bíblia, e a datação radiométrica. Não é coinscidência”, disse Garfinkel.


Cidade da Judéia?


Outros arqueólogos receberam tais notícias com interesse, mas eles afirmam que é cedo para conclusões.

Amos Kloner, um professor de estudos em Israel, da Barra Universidade de Ilan, já trabalhou como arqueólogo no distrito em volta do sítio de Elah, mas, não está diretamente envolvido nas escavações atuais.


"Isto é uma idéia inicial, da qual todos os aspectos devem ser examinados," ele disse. "[Mas], para ele não importa se houver uma segunda porta … Isto não fornece nenhuma indicação de uma população da Judéia lá."


Não se sabe se os naturais da Judéia ou os Filisteus controlaram a fortaleza estratégica que contempla o alto Vale de Elah.

O líder da equipe, Garfinkel, acredita que o sítio foi o mais provável posto avançado ocidental mantido pela Monarquia da Judéia, que controlou a terra na Ásia sudoeste e a Palestina, e foi predecessor à Monarquia do Israel.


Nenhuma Prova


Israel Knohl, também não envolvido nas escavações em Elah, é um perito de estudos bíblicos na Universidade Hebraica de Jerusalém.


"O problema principal com este sítio é que ainda precisamos de prova inequívoca que ele foi uma cidade de Judeus," disse Knohl.


A descoberta da segunda porta "tem importância secundária … no momento atual, não podemos determinar com certeza se isto foi Sha'arayim ou se ele foi uma cidade da Judéia."

Os eruditos não sabem quase nada da vida em Sha'arayim.


"Se você me pergunta com que a vida se pareceu em Jerusalém durante o tempo do Rei David, não poderei lhe dizer," disse Knohl. "Quando isso vem de lugares menos importantes, simplesmente não sabemos."


Garfinkel disse que ele continuará explorando o sítio de Elah à procura de nova evidência. "Talvez encontremos uma inscrição na porta que indica quem construiu a cidade: 'eu David, o filho de Yishai, construí esta cidade,'" ele disse com um riso.

quarta-feira, novembro 26, 2008

OS DESAFIOS DO MISSIONÁRIO CRISTÃO SOB O SIGNIFICADO DA RESSURREIÇÃO DE CRISTO

Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó? Ora, Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos” (Mt 22.32).


Quem pode imaginar alguém deixando a comodidade de seu lar, os seus rendimentos, e sua parentela para ir ao encontro do desconhecido na esperança de que alguns possam ouvir sua mensagem? Será que em condições normais alguém enfrentaria situações como a possibilidade de morte tanto do missionário quanto de toda sua família; de um choque cultural tremendo e nada fácil de superar; de um ambiente estranho que também deve provocar traumas, além da grande saudade de parentes, amigos, etc. Nada comum, digo de mim mesmo, poderia me convencer de abraçar uma empreitada dessas de peito aberto, sabendo de todas as coisas que estariam em risco. Mas, com base na história e na experiência que vivemos, a certeza na ressurreição de Cristo deve ser suficientemente capaz de retirar qualquer homem de sua acomodação para enfrentamentos inimagináveis. O missionário, nesse caso, não seria somente aquele indivíduo que deixaria seu país, p. ex., mas, todo aquele que se propõe a “ir e pregar o Evangelho”, inclusive em seu próprio bairro ou condomínio.


O primeiro enfrentamento que vejo na figura do cristão missionário, é o de inconformidade com o mundo e um desejo incontrolável de mudá-lo com a mensagem transformadora do Evangelho. Somente a Boa-Nova pode impedir a degenerescência de nossa sociedade, afinal, somos chamados por Cristo de “sal da terra” (Mt 5.13) porque o mesmo tem propriedades conservativas, que não permitem a degradação dos alimentos. Não é caso de “pegarmos em armas” para convencer todos os indivíduos contrários ao nosso pensamento de agregarem-se à nossa denominação, mas, de apresentarmos uma situação de novas possibilidades escatológicas, de um mundo novo e de uma nova dimensão das relações entre as pessoas, de uma satisfação gratuita e plena em Jesus Cristo.


Os profetas são excelentes exemplos de pessoas que desejavam o benefício de todos, apesar do pesado teor de suas denúncias, não eram expressas por ódio ou desejo de vingança, mas, para que houvesse arrependimento e conversão da parte daqueles que agiam mal diante do Senhor. Caso isso acontecesse, toda a nação se privilegiaria com as maravilhosas bênçãos do Pai. Nesse caso, não podemos nos esquecer da exortação do apóstolo Paulo: “E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2).


O segundo enfrentamento que vejo na figura do cristão missionário é o de ser um pacificador e conciliador nesse mundo materialista e violento em que vivemos hoje. Nos dois maiores mandamentos que Cristo enuncia aos fariseus, encontramos o que penso ser o que dá sentido a toda obra de Salvação: o amor; primeiro a Deus, depois ao próximo. Fico imaginando Jesus agindo como nós: “Se vocês querem apedrejar a adúltera, problema de vocês. Não me envolvam em suas questões”. Mas, graças a Deus, diferentemente disso, Jesus demonstrou fortemente seu amor ao morrer por nós “quando ainda éramos pecadores” (Rm 5.8). Tal exemplo deveria nos incentivar a pregarmos o Evangelho sem fazermos acepção de pessoas, sem julgarmos quem pode ou não ser transformado – como se isso dependesse de nós –, num ato de reconhecimento da nossa própria falta de mérito para tal coisa.


Somente após a ressurreição de Cristo podemos sonhar com a realidade do emocionado apelo do apóstolo Paulo aos efésios: “Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados, 2 com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, 3 procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz: 4 há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; 5 um só Senhor, uma só fé, um só batismo; 6 um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos, e em todos. 7 Mas a graça foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo” (Ef 4.1-7). Quão bom e quão suave seria o mundo se todos conhecessem o “bom motivo” de vivermos em união!


O terceiro enfrentamento para o cristão missionário é a de apresentar uma mensagem integral, não dualista, muito bem expressa por Moltmann. Não de uma escatologia escapista, que deseja viver todas as “maravilhas” de Deus enquanto que os ímpios, os desobedientes, sejam lançados no lago de fogo e enxofre, mas, de um desejo de já viver o que já foi promovido pela ressurreição de Cristo. Como disse o historiador eclesiástico González: “[Deve-se] recuperar a centralidade da escatologia, mostrando que ela inclui tanto aquilo pelo que a igreja espera quanto a própria esperança pela qual ela vive”. Assim, a fé cristã vive da ressurreição de Cristo e se estende em direção às promessas do retorno universal e glorioso do Rei dos reis. Nesse aspecto, enfim, nós não somos só intérpretes do futuro, mas já somos os colaboradores do futuro, cuja força, tanto na esperança como na realização, é Cristo e sua ressurreição. Por isso torna-se possível caminharmos todos em direção ao Reino de Deus.


O quarto enfrentamento para o cristão missionário deve ser o de viver e ensinar uma missão comprometida e comprometedora. Sendo capaz de vencer o desafio de viver de tal maneira, em santidade e justiça, que nossa própria existência empurre a história para sua meta. Vivendo um cristianismo prático que preserve a vida, e tudo que lhe é necessário; que preserve a paz entre os indivíduos, numa comunhão universal; que seja verdadeiramente libertador e não opressor, como vemos na institucionalização da fé; onde todos conheçam e exerçam seus papéis em benefício da coletividade e não somente de si mesmo.


Finalmente, o quinto enfrentamento para o cristão missionário deve ser o de inspirar uma missão em esperança, prazerosa, amorosa e vigilante. Tal batalha pode configurar-se a maior dentre as demais, manter firme a esperança nos demais pelo testemunho de uma firme convicção no poder transformador do Evangelho, possibilitado pela ressurreição de Cristo. Não com um discurso ameaçador e amedrontador, mas, de esperança, amor e comunhão.


Lembro-me de uma aula no seminário, quando o professor explicava sobre “como conseguir que sua esposa seja submissa”. A receita era bem simples: “quanto mais a amo, mais ela retribui esse amor, mais ela deseja estar ao meu lado e caminhar comigo”. Se formos competentes em nos lembrar o que levou Cristo a morrer por nós, mesmo que sendo capaz de ressuscitar depois, podemos estar certos da eficácia da mensagem do Evangelho à todos aqueles que estão “cansados e sobrecarregados” pelas ilusões do mundo. Por isso, a mensagem pregada pela Igreja deve ser, como afirmamos no quarto desafio do cristão missionário, comprometida e comprometedora, pois, como afirma Sancho Pança: “muito bem prega quem vive”!

sábado, novembro 22, 2008

CRISTO, NOSSA RESSURREIÇÃO, NOSSA ESPERANÇA!

“20 Mas, agora, Cristo ressuscitou dos mortos e foi feito as primícias dos que dormem [...]. 58 Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor” (I Co 15.20,58).


A ressurreição de Cristo é o fato fundante e, ao mesmo tempo, consumador da fé e da esperança cristã. Por ser as “primícias dos que dormem” desde “antes da fundação do mundo” (Ap 13.8), o Cristo ressurreto antecipou a vitória sobre a morte de todos aqueles que crêem em seu nome. Tal fato é a âncora firme de nossa esperança, significando que a esperança cristã tem uma sólida base histórica. Por isso, Paulo ensina confiadamente que a esperança cristã não traz confusão (Rm 5.5), uma vez que, em Cristo, Deus cumpre a promessa de redenção de seu povo, fortificando a fé de seus filhos sobre uma realidade não só prometida, mas, concretizada.


A esperança cristã, portanto, é essencial à fé. Pois, só pode esperar quem crê e só se pode crer em algo que se possa esperar. Se Cristo não tivesse ressuscitado, não haveria motivo para a esperança e nem para a existência da fé cristã, como afirma o apóstolo Paulo:


“12 Ora, se se prega que Cristo ressuscitou dos mortos, como dizem alguns dentre vós que não há ressurreição de mortos? 13 E, se não há ressurreição de mortos, também Cristo não ressuscitou. 14 E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé” (I Co 15.12-14).


Mas, como Cristo ressuscitou nossa esperança não é vã e a morte não pode condenar nossa fé. Ao contrário, nossa fé aniquila a morte e esta se torna o berço de nossa ressurreição eterna. A destinação do homem e do universo para um fim infeliz e irremediável deixa de ser uma realidade em Cristo, e pode suprir o homem de um novo sentido para sua vida. Em vez de olhar para o futuro como a consumação de sua história como ser, o homem pode expectar o ressurgimento de uma nova vida, de um novo céu e uma nova terra. E com o mesmo entusiasmo do apóstolo Paulo pode afirmar:


“Tragada foi a morte na vitória. 55 Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?” (I Co 15.54b.55).


Cristo ressuscitou e com ele também ressuscitaremos. Então, conforme Juan B. Stam, depois da ressurreição de Cristo, impõe-se para os cristãos a lógica da esperança contra todo desespero. À luz da ressurreição tudo é possível. Inclusive quando não há base visível e nem calculável para se continuar esperando, a Igreja deve continuar marchando triunfante conforme o exemplo de Abraão:


“O qual, em esperança, creu contra a esperança que seria feito pai de muitas nações, conforme o que lhe fora dito: Assim será a tua descendência” (Rm 4.18).


E assim como creu Abraão, assim foi e está sendo. Nós, cristãos, que sabemos e cremos que Cristo ressuscitou seguiremos esperando contra ventos e tempestades a nossa ressurreição, nossa vitória sobre a morte.

terça-feira, novembro 18, 2008

FOI ENCONTRADO O “MAIS ANTIGO MANUSCRITO HEBREU”

30 October 2008 - BBC News


Cinco linhas de um manuscrito em um caco velho de cerâmica pode ser o mais antigo exemplo de escrita hebraica já descoberto em Israel, diz que um arqueólogo.

O caco foi encontrado por um escavador adolescente voluntário, durante cerca de 20 km a sudoeste de Jerusalém.

Especialistas da Universidade Hebraica afirmaram que o achado pode ter sido escrito 3000 anos atrás - cerca de 1000 anos mais cedo do que os Manuscritos do Mar Morto. Outros cientistas, porém, advertiram que era necessário um estudo mais aprofundado para compreendê-lo e confirmar tal suposição.

Investigações preliminares, desde que o caco foi encontrado em julho, decifraram algumas palavras, inclusive, juiz, escravo e rei. Os caracteres são escritos em proto-Cananita, um precursor do alfabeto hebraico.


Rei David


O arqueólogo chefe Yosef Garfinkel o identificou como hebraico, por causa de um verbo de três letras que significa "fazer". O que ele afirma ser utilizado apenas em hebraico. "Isso nos leva a crer que isto é hebraico, e que esta é a mais antiga inscrição em hebraico que tenha sido encontrada", disse ele.

O caco e outros artefatos foram encontrados no site do Khirbet Qeiyafa, com vista para o Vale de Elah onde a Bíblia diz que David lutou com o gigante filisteu Golias. Garfinkel disse que o achado poderia lançar signficativa luz sobre o período de reinado do Rei David. "A cronologia e a geografia de Khirbet Qeiyafa cria um único ponto de encontro entre a mitologia, história, arqueologia e a historiografia do Rei David."

Apesar disso, seus colegas na Universidade Hebraica disseram que os israelitas não foram os únicos a utilizar caracteres proto-Cananitas, portanto, fica difícil provar que era hebraico e não algo relacionado com uma língua falada na região naquela época.

O arqueólogo da Universidade Hebraica Amihai Mazar disse que a inscrição era "muito importante", pois é o mais longo texto proto-Cananita já encontrado. "A diferença entre os manuscritos e as línguas, entre si, nesse período, permanece pouco clara", disse ele.

segunda-feira, novembro 03, 2008

DONS ESPIRITUAIS X ESPIRITUALIDADE

Uma breve análise devocional em I Coríntios


* Acredito que você precisará instalar a fonte SGREEK (basta procurar na web, é gratuita).

I Co 1.1-8

“1 Paulo, chamado pela vontade de Deus para ser apóstolo de Jesus Cristo, e o irmão Sóstenes, 2 à igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados para ser santos, com todos os que em todo lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso: 3 graça a vós outros e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. 4 Sempre dou graças a meu Deus a vosso respeito, a propósito da sua graça, que vos foi dada em Cristo Jesus; 5 porque, em tudo, fostes enriquecidos nele, em toda a palavra e em todo o conhecimento; 6 assim como o testemunho de Cristo tem sido confirmado em vós, 7 de maneira que não vos falte nenhum dom, aguardando vós a revelação de nosso Senhor Jesus Cristo, 8 o qual também vos confirmará até ao fim, para serdes irrepreensíveis no Dia de nosso Senhor Jesus Cristo”.

I Co 3.1-3

“1 Eu, porém, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, e sim como a carnais, como a crianças em Cristo. 2 Leite vos dei a beber, não vos dei alimento sólido; porque ainda não podíeis suportá-lo. Nem ainda agora podeis, porque ainda sois carnais. 3 Porquanto, havendo entre vós ciúmes e contendas, não é assim que sois carnais e andais segundo o homem?”

Paulo em sua saudação e ação de graças, afirma que os Coríntios foram muito abençoados por Deus: “em toda a palavra e em todo o conhecimento... de maneira que não vos falte nenhum dom” (vv. 5,7). Era uma igreja de homens inteligentes, conhecedores da palavra de Deus e dotados de todos os dons espirituais. Porém, no terceiro capítulo desta carta, Paulo afirma duramente que apesar de seu conhecimento, eloqüência e dons espirituais, os coríntios não eram crentes espirituais, mas agiam como homens carnais. Havia na igreja de Corinto uma série de problemas: (1) Facções em favor de homens (1.12); (2) inveja e contenda (3.3); orgulho (3.21; 4,7); imoralidade (5.1); ações na justiça dos homens (6.1-8); freqüência a festas idólatras (caps. 8-10); exercício errado dos dons espirituais (caps. 12-14); e distorção da Ceia do Senhor (11.20-34). Tal situação demonstra uma total ausência de amor, o que nos faz questionar se alguém pode ser espiritual sem cumprir o segundo maior mandamento ensinado por Cristo (Mt 22.39).

Há ainda algo interessante a se notar nos textos que lemos. Na língua portuguesa a palavra espiritual é uma só, tanto para expressar a propriedade dos dons quanto para expressar a condição de um homem maduro na fé. Entretanto, no grego a palavra que se refere a dom espiritual é carismati (charísmati, de charismata – dom carismático), e a palavra que se refere ao crente espiritual é pneumatikoij (pneimátikis), ou seja, duas palavras distintas para duas coisas distintas. Uma coisa é o crente possuir dons espirituais, outra coisa é o crente ser espiritual, movido e amadurecido em sua experiência diária com o Espírito Santo.

Para entender melhor isso, vejamos quais os ensinamentos de Paulo nos capítulos 12 ao 14 de I Coríntios, acerca dos dons espirituais. A primeira frase de grande impacto é: “A manifestação do Espírito é concedida a cada um visando a um fim proveitoso” (12.7), necessariamente o dom espiritual visa um fim proveitoso. No capítulo 14, Paulo ensina que o dom de línguas, por exemplo, só edifica quem o possui, ele afirma que seria mais interessante profetizar (pregar o evangelho), ou falar quatro palavras que a igreja entendesse do que mil em línguas, porque ninguém o entenderia e não seria edificado. Para que os dons sejam proveitosos é importante que se manifestem diferenciadamente. Ele ensina no capítulo 12 que a igreja é o Corpo de Cristo e que como corpo não tem um só membro, mas vários, e cada membro tem uma função (I Co 12.12-31), tudo isso refere-se aos dons espirituais na igreja. Por exemplo, um mestre precisa de discípulos para que seu dom seja útil; o evangelista é quem traz novos discípulos para o mestre. Cada qual em sua função. Assim, a Igreja, que é o corpo vivo de Cristo, deve usar seus dons para seu funcionamento prático da comunhão, testemunho e serviços cristãos.

Antes de continuar sua explanação sobre os dons espirituais, Paulo interrompe abruptamente seu discurso no capítulo doze e inicia outro assunto no capítulo 13. Antes de explicar quais são “os melhores dons”, conforme ele faz no capítulo 14, Paulo precisa indicar qual a condição essencial para o exercício apropriado de qualquer dom – o amor.

1 Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine. 2 Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei. 3 E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará (I Co 13.1-3).

O texto fala por si só, Paulo estava tremendamente certo ao afirmar que toda a escritura é inspirada pelo Espírito Santo. Só o amor de Deus derramado em nossos corações, é que nos dá a capacidade de utilizarmos nossos dons espirituais para a glória de Deus e não para a nossa própria. Paulo deixa muito claro que a plenitude do Espírito Santo não é a prática dos seus dons (os coríntios tinham todos), mas a produção de seus frutos fundamentados pelo amor.

Espiritualidade

“Mas o fruto do Espírito (tou/ pneu,mato,j) é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei. E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito” (Gl 5.22-25).

Uma vez que a boa semente do Evangelho tenha caído em terreno fértil, nossa natureza fora transformada (II Co 5.17), e não andamos mais segundo as paixões da nossa carne, deixamos de viver para satisfação de nossos desejos e passamos a viver no Espírito de Deus. Inicia-se um processo contínuo que deve nos levar à perfeição (Ef 4.13). Os frutos do Espírito Santo são os sinais ideais de nossa espiritualidade. Um fruto precisa ter sido primeiramente uma semente, depois uma árvore (Sl 1.3) e no devido tempo se evidenciará. Para que isso aconteça devemos dar condições para o crescimento desta semente, precisamos de: (1) Água (Jo 7.37-39); (2) Adubo (abnegação, obediência e resignação – Lc 9.23) e (3) Luz (amor, fé e arrependimento – Jo 8.12; 15.9; Rm 1.17 e Lc 5.32).

No Sermão do Monte podemos ver o retrato de um crente espiritual nas bem-aventuranças de Cristo (Mt 5.1-11).

Aqui o crente espiritual é bem-aventurado porque:

- é humilde (pobre) de espírito (v.3) – Ele sabe que depende totalmente de Deus e em si mesmo é incapaz de achegar-se a Deus.

- porque chora (v.4) – Porque perderam a inocência e viram-se como pecadores e pobres de espírito. Sua vergonha é transformada em honra pela misericórdia de Deus.

- porque é manso (v.5) – Em sua humildade de espírito e reconhecimento de seu passado de pecado, torna-se gentil e tem auto-controle.

- porque tem fome e sede de justiça (v.6) – De justiça espiritual que na Bíblia tem três aspectos: o legal, o moral e o social. Esse crente não tem amor por bens materiais e se sujeitam à justiça de Deus e não dos homens (Rm 9.30-33).

- porque são misericordiosos (v.7) – Por conhecerem suas próprias dificuldades, são pessoas que se compadecem da necessidade de outros.

- porque são limpos de coração (v.8) – Foi purificado de toda imundície moral (Mt 23.25-28).

- porque são pacificadores (v.9) – Fomos chamados para a reconciliação, para pacificar, “buscar a paz”, “seguir a paz com todos” e, até onde depender de nós, “ter paz com todos os homens” (I Co 7.15; I Pe 3.11; Hb 12.14; Rm 12.18).

- porque são perseguidos por causa da justiça (v.10) – A perseguição por parte dos ímpios é uma certificação de nossa vida em Cristo, “pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós (v.12b)”, se somos perseguidos é por causa de nossa lealdade a Cristo (v.11).

Como Paulo ensina no segundo verso do terceiro capítulo, o alimento dos que são crianças na fé é o leite. O cristão espiritual não é mais uma criança, ao contrário, é um varão perfeito que chegou a estatura de Cristo, um homem amadurecido na vida cristã tanto pelo conhecimento da palavra como em sua vivência. Um indivíduo que não só aprendeu a letra das Sagradas Escrituras, mas que a experimentou no seu dia-a-dia seguindo suas orientações, desejando agradar a Deus e dando ouvidos ao seu Espírito. Para este homem o mundo não interessa, nem suas “deliciosas” ofertas, o que lhe interessa é aniquilar seus desejos e colocar-se cativo, todos os dias, à vontade do Senhor.

Podemos imaginar o quanto muitos pensam ser difícil viver para Cristo, podemos até concordar nesse ponto se excluirmos a ação do Espírito Santo em nossas vidas, mas, com a ação do Consolador somos capazes de crer que nós podemos seguir plenamente os ensinamentos da Bíblia. Assim declara o apóstolo João: Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos; ora, os seus mandamentos não são penosos” (I Jo 5.3). Sabemos que para esta jornada não estamos sozinhos e que podemos beber sempre da “fonte de água viva”, assim “podemos todas as coisas naquele que nos fortalece”.

quarta-feira, outubro 22, 2008

ELOHIM = "DEUSES"

Lecionando na turma de Teologia Sistemática, na FTU, sobre a pessoa e obra do Espírito Santo, numa divagação que fizemos, um aluno perguntou-me se "quando Deus disse: ‘Façamos o homem’, Ele estava dialogando com a Trindade". Uma vez que o nome de Deus Elohim está no plural.

Achei interessante compartilhar a resposta.

Na Bíblia de Jerusalém encontramos:

"[Elohim] Não parece ser um plural majéstico e não se explica também pelo simples fato que o nome Elohim é um plural quanto a forma, pois ele é usado quase sempre como nome próprio do verdadeiro Deus e é acompanhado normalmente de um verbo no singular. Embora seja raro em hebraico, parece que nós temos aqui um plural deliberativo: quando deus, como em 11.7, ou não importa qual outra pessoa, fala consigo mesmo, a gramática hebraica parece aconselhar o emprego do plural. O grego (seguido pela Vulgata) do Salmo 8.6 retomado em Hb 2.7, compreendeu este texto como uma deliberação de Deus com sua corte celeste (cf. Is 6), com os anjos. E este plural era uma porta aberta para a interpretação dos padres da igreja, que viram já sugerido aqui o mistério da Trindade.

Na NVI encontramos:

Deus fala como Rei-Criador, anunciando aos membros de sua corte celeste a sua obra suprema (3.22; 11.7; Is 6.8; v. tb. I Rs 22.19-23; Jô 15.8; Jr 23.18).

Conclui-se que a NVI concorda com a BJ, uma vez que por acreditarem ser uma deliberação de Deus com sua corte celeste, o nome Elohim é um plural deliberativo. Apesar disto não se pode conduzir a conclusão para a impressão de que Deus estava dialogando com o Filho e com o Espírito Santo.

segunda-feira, setembro 22, 2008

Teologia e Economia, uma visão introdutória - Resumo

SUNG, Jung Mo – Desejo, Mercado e Religião, 2a Edição, Vozes, 1997.

O contexto social mundial evoca grandes preocupações com a grande quantidade de pessoas que tem vivido na miséria, ou, melhor dizendo, sobrevivendo abaixo da linha da pobreza. São muitos os países onde a expectativa de vida é muito baixa, e o grau de analfabetismo é enorme. Fatores que corroboram para um continuísmo de tal situação.

Interessante é notar que uma mudança na economia global, nesse caso em favor da extinção da pobreza, necessitaria de percentuais mínimos da riqueza mundial. O grande transtorno seria a mudança de uma consciência econômica voltada para a geração de riqueza, para uma economia voltada para a superação da pobreza, tendo a distribuição da renda como critério central nas tomadas de decisão políticas e econômicas.

Daí o envolvimento da teologia com a economia, articulando-se com o contexto histórico para denunciar e para dar direção a um paradigma profético de valoração do oprimido. Assim como a tradição bíblica é a da contradição entre a vida e a morte, a Igreja (como Deus) deve preocupar-se em anunciar e fomentar a vida; tanto suprindo-lhe de bens materiais quanto valorizando a dignidade do ser. A religião econômica que elege para si um Deus capitalista, que exige sacrifícios, deve ser convencida de que seus pressupostos precisam construir uma sociedade mais fraterna, justa e humana. A Igreja deve estar pronta para dar-lhe tal direcionamento.

Comparativamente à teologia, a economia também tem seu deus, seu paraíso e, progressivamente, ainda acha-se capaz de, em algum momento futuro, promover a vitória sobre a morte. Para seus cientistas, a economia é uma conseqüência evolutiva da humanidade para se tornar a resposta definitiva a todas as suas mazelas. Só que na tentação de fazer o bem, o acumulo excessivo, ou ilimitado, de riquezas não tem surtido o efeito desejado sobre uma grande parte da população mundial que ainda espera o seu milagre. Os pobres, nesse “culto”, são considerados sacrifícios necessários para um bem maior, aceitando seu destino como algo até natural para o desenvolvimento do “deus mercado”, pois compartilham também dos mesmos sonhos de consumo dos sacerdotes da economia.

Para quem tem “fé no mercado”, apesar dos sacrifícios exigidos, ainda é possível buscar a maximização do lucro nas relações de concorrência no mercado, ao mesmo tempo em que busca a partilha, a solidariedade, a ordenança de Lc 4.16-23, mesmo apesar da grande contradição natural à perversidade desse modelo econômico. A ressurreição de Cristo é a mensagem central e antagônica à divinização do mercado, assim era o testemunho das primeiras comunidades cristãs: “32 E era um o coração e a alma da multidão dos que criam, e ninguém dizia que coisa alguma do que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns. 33 E os apóstolos davam, com grande poder, testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça. 34 Não havia, pois, entre eles necessitado algum; porque todos os que possuíam herdades ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que fora vendido e o depositavam aos pés dos apóstolos. 35 E repartia-se a cada um, segundo a necessidade que cada um tinha” (At 4.32-35). Neste ponto, a ressurreição de Cristo esta envolvida por dois parágrafos que falam de questões econômicas: a coleta de bens e propriedades conforme as possibilidades de cada um e a distribuição deles segundo as necessidades de cada um, visando não ter necessitados entre eles. Uma partilha que transformava uma multidão em comunidade. A ressurreição de Cristo reflete um amor que garante a dignidade da vida pela graça de Deus, quando lutamos não somente porque temos certeza que venceremos o inimigo perverso, mas, pelo fato de que nos doamos pelos motivos certos, em busca do benefício da coletividade, da humanização da sociedade.

quinta-feira, setembro 11, 2008

Ex-pastor americano é executado por matar médico que fazia abortos

4/9/2003
O Globo

STARKE, Flórida. O ex-pastor presbiteriano e militante antiaborto Paul Hill foi executado ontem na Flórida pelo assassinato de um médico e seu assistente numa clínica de abortos na cidade de Pensacola. A execução ocorreu por meio de uma injeção letal no fim da tarde e o ex-pastor, de
49 anos, foi declarado morto às 18h08m, na Prisão Estadual de Starke.

O crime ocorreu em 29 de julho de 1994, quando Hill atirou com uma escopeta contra o médico John Britton, de 69 anos, e seu assistente, James Barrett, de 74, na porta da clínica Ladies Center em Pensacola. Às vésperas de sua execução, Hill declarou não estar arrependido de ter
matado os dois homens.

— Acredito que o Estado, ao executar-me, estará me transformando num mártir — disse ele, que se encontrou com sua mulher, seu filho, suas irmãs e seus pais por três horas antes de ser levado à câmara de execuções. — Acho que tenho alguma apreensão natural, mas não, não estou
com medo.

Protesto contra execução em frente à prisão

Cerca de 60 pessoas se reuniram em apoio a Hill em frente à prisão para protestar contra sua execução. Elas levavam cartazes em que se lia “Médicos mortos não podem matar” e “Reverendo Paul Hill vai para o céu, o doutor Britton foi para o inferno”.

— Há milhões de pessoas por aí, talvez cem milhões, que acreditam que aborto é assassinato — disse o reverendo Michael Bray.

Grupos antiaborto alegam que Hill, que advogava o que chamava de “homicídio justificável” de médicos praticantes de aborto, representava uma pequena minoria mesmo entre os extremistas do movimento.

A polícia estava investigando ameaças de morte feitas em cartas anônimas ao juiz que sentenciou Hill e a três funcionários do sistema legal e penitenciário do Estado. Investigadores se recusaram a comentar relatos de que as cartas chegaram acompanhadas de balas. Hill disse terça-feira
que não apoiava essa ação e que as balas “deveriam ser apontadas na direção dos que fazem aborto”.
------------------------

Não dá para aceitar esse comportamento medieval nos dias de hoje, como pessoas esclarecidas, que sofrem atentados de fundamentalistas diversos, crêem que há justificativas divinas para tais atos? Que estupidez.

quarta-feira, agosto 13, 2008

MARIA MADALENA E JESUS TINHAM RELAÇÃO DE ALUNA E MESTRE, DIZEM ESPECIALISTAS

Após exorcismo, mulher teria passado a seguir Cristo como discípula Palestina afora.
Idéia de que os dois teriam casado e tido filhos não possui dados concretos a seu favor.

Reinaldo José Lopes Do G1, em São Paulo


A maioria dos que estudam as origens do cristianismo tem poucas dúvidas: Maria Madalena cumpriu um papel importante entre os primeiros seguidores de Jesus, era uma das companheiras mais devotadas de Cristo e foi uma das primeiras a testemunhar sua fé na ressurreição do mestre. Mas, ao que tudo indica, a idéia de que os dois foram casados e tiveram filhos não passa de uma mistura de imaginação hiperativa moderna com brigas políticas de antigas seitas cristãs.

Explica-se: todos os textos que insinuam uma proximidade mais carnal entre Maria Madalena e Jesus são pelo menos cem anos mais recentes que os Evangelhos oficiais, tendo sido escritos por pessoas que queriam justamente desafiar as visões mais ortodoxas do cristianismo, as quais começavam a se firmar. Se a pesquisa mais sóbria enterra, por um lado, o romantismo à la "Código da Vinci", também demonstra, por outro, um dos aspectos mais radicais da missão religiosa de Jesus: o tratamento aparentemente igualitário dado às mulheres.

De fato, ao contrário de todos os líderes religiosos judeus antes e depois dele (antes da época moderna, claro), Cristo não via problema algum em ter seguidores dos dois sexos. "Duas das qualidades extraordinárias de Jesus são o fato de que ele recrutava seguidores e era itinerante. Mas o que é ainda mais incomum é o fato de ele recrutar seguidores do sexo feminino e masculino e viajar com ambos", escreve Ben Witherington III, especialista em Novo Testamento do Seminário Teológico Asbury (Estados Unidos).

Ambos os fatos seriam considerados escandalosos para os judeus do século I, para quem as mulheres deveriam ficar em casa com seus maridos e, quando viajassem, teriam de ser acompanhadas por parentes do sexo masculino. Segundo o padre John P. Meier, professor da Universidade de Notre Dame em Indiana (EUA) e autor dos livros da série "Um Judeu Marginal", sobre a figura histórica de Jesus, o escândalo é um ótimo motivo para acreditar que esse grupo de seguidoras, incluindo Maria Madalena, realmente existiu.

Reprodução

Maria Madalena em ícone da Igreja Ortodoxa Russa, carregando mirra para ungir o corpo morto de Jesus (Foto: Reprodução)


Constrangedora


Essa visão advém do chamado critério do constrangimento, que é uma das principais ferramentas usadas pelos historiadores para decidir se um fato narrado nos Evangelhos realmente aconteceu com Jesus. A idéia é que os evangelistas não teriam motivos para criar uma narrativa que pudesse causar problemas para sua pregação por ser potencialmente constrangedora. Ao mesmo tempo, sentiriam a necessidade de relatar a situação embaraçosa nos casos em que ela era de conhecimento geral e, portanto, não poderia ser simplesmente omitida.

Meier acredita que o critério do constrangimento pode ser aplicado a vários acontecimentos-chave da vida de Maria Madalena relatados no Novo Testamento. Um deles é a expulsão de sete demônios do corpo da mulher, graças ao poder de Jesus. Outra é a presença da ex-possessa durante a crucificação e sepultamento de Cristo. Finalmente, há o relato de que ela teria falado com o próprio Jesus ressuscitado, talvez até antes dos apóstolos.

"É improvável que os primeiros cristãos tenham se dado ao trabalho de lançar dúvidas sobre a confiabilidade de uma testemunha tão importante [da ressurreição de Jesus] transformando-a numa antiga endemoninhada", escreve Meier. O historiador acredita, portanto, que Maria Madalena realmente foi exorcizada por Jesus num momento crucial de sua vida, e especula que isso levou a mulher a se tornar discípula de Cristo.


De Magdala para Jerusalém


O nome "Madalena" indica que Maria nasceu em Magdala, um vilarejo de pescadores na costa noroeste do mar da Galiléia -- a mesma região onde Jesus cresceu, portanto. Ela, porém, não era a única seguidora do mestre galileu -- os Evangelhos citam pelo nome uma série de outras mulheres, como Joana, mulher de um administrador do tetrarca (governador) da Galiléia, Herodes Antipas. Além de acompanhar as pregações de Jesus, essas mulheres parecem ter ajudado a financiar as andaças de Cristo pela Palestina, colocando seus próprios bens à disposição dele.

Existe algum indício de uma relação mais próxima entre Jesus e a mulher de Magdala durante esse período? Zero, parece ser a resposta. Na verdade, nenhum dos textos do Novo Testamento dá qualquer indicação de que Jesus tenha, em algum momento, tido filhos ou se casado. Alguns estudiosos afirmam que, para um judeu do século I, o casamento era quase considerado uma obrigação religiosa, ligado ao mandamento de "crescer e multiplicar-se" presente no livro bíblico do Gênesis.

Acontece, porém, que Jesus não era um judeu comum, e tampouco vivia em uma época comum. Com efeito, algumas seitas e grupos mais radicais da época, como os chamados essênios, defendiam o celibato e chegavam a viver como "monges". Além disso, enquanto os textos bíblicos mencionam várias vezes a família de Jesus, não há menção alguma a mulher e filhos. Para John P. Meier, o mais provável é que eles nunca tenham mesmo existido, e que Jesus tenha sido celibatário como sinal do compromisso exigido por sua missão religiosa.

O certo é que Maria de Magdala, ou Madalena, aparentemente acompanhou Jesus até seu confronto final com as autoridades judaicas em Jerusalém, testemunhando sua morte e não saindo do lado dele mesmo quando muitos dos apóstolos fugiram. No relato da visão que ela teve do Ressuscitado, no Evangelho de João, ela exclama "Rabouni!" (algo como "meu professor", "meu mestre" em aramaico) ao reconhecê-lo.

"Jesus então diz a ela uma frase que normalmente é traduzida como 'não me toque', mas na verdade quer dizer 'não se segure em mim' ou algo do tipo", diz Ben Witherington III. "A idéia do evangelista é que ela não deve ficar presa ao Jesus do passado, mas sim sair dali e anunciar o Jesus ressuscitado", afirma o teólogo. Essa é a última vez em que Maria Madalena aparece no Novo Testamento. Não há detalhes confiáveis sobre o resto de sua vida.


Beijos polêmicos


De onde surge, então, a lenda do caso de amor entre mestre e aluna? De uma série de textos, a maioria deles encontrados no Egito e escritos em copta, como é conhecida a língua egípcia durante a época romana. (Acredita-se que muitos desses textos foram originalmente compostos em grego, e alguns desses originais foram achados.) O mais famoso deles é o Evangelho de Filipe, no qual Maria Madalena é descrita como a "companheira" de Jesus e diz-se que Cristo "costumava beijá-la com freqüência".

Acontece que todos esses textos parecem ter sido compostos no ano 200 da nossa era, ou até mais tarde, e compartilham uma mesma teologia, a do gnosticismo. Os gnósticos acreditavam numa espécie de revelação secreta e esotérica que lhes dava o verdadeiro conhecimento para a salvação, ao contrário da massa "ignara" dos demais cristãos. Essa opinião era combatida por outros grupos do cristianismo, que se consideravam os sucessores de apóstolos como Pedro e Paulo.

Com isso, Maria Madalena passou a ser usada pelos gnósticos como um símbolo do "conhecimento verdadeiro" que tinham de Jesus, e como a verdadeira predileta de Cristo, da qual eles seriam seguidores. Esse aspecto polêmico e tardio de tais textos torna bastante improvável que eles se baseiem em alguma memória histórica envolvendo a Maria Madalena real.

Antigo manuscrito da Bíblia estará disponível na internet

Cópia das Escrituras em grego tem mais de 1.600 anos e poderá ser vista de graça na web. Codex Sinaiticus é um dos mais velhos volumes com livros do Antigo e Novo Testamento.

Da Reuters


Mais de 1.600 anos depois de ser escrita em grego, uma das cópias mais antigas da Bíblia se tornará globalmente acessível via internet pela primeira vez nesta semana. A partir de quinta-feira, partes da Codex Sinaiticus, que contém o Novo Testamento mais velho e completo, estarão disponíveis na web, afirmou a Universidade de Leipzig (Alemanha), um dos quatro conservadores do texto antigo.

Páginas do Codex Sinaiticus, escritas em grego (Foto: Reprodução)

Imagens em alta resolução do Evangelho de Marcos, diversos livros do Velho Testamento e observações dos trabalhos feitos ao longo de séculos estarão em www.codex-sinaiticus.net, num primeiro passo para a publicação online integral do manuscrito até julho próximo.


Ulrich Johannes Schneider, diretor da Biblioteca da Universidade de Leipzig, afirmou que a publicação online do Codex permitirá que qualquer um estude uma peça "fundamental" para os cristãos. Alguns textos estarão disponíveis com traduções em inglês e alemão, acrescentou.


Especialistas acreditam que o documento, datado de aproximadamente do ano 350, possa ser a cópia mais antiga conhecida da Bíblia, junto com o Codex Vaticanus, outra versão antiga da Bíblia, afirmou Schneider. "Acho que é fantástico que graças à tecnologia agora podemos tornar acessíveis os artefatos culturais mais antigos -- aqueles que de tão preciosos não poderiam ser vistos por ninguém -- numa qualidade realmente alta", explicou Schneider.

quarta-feira, julho 02, 2008

NÓS JÁ SABIAMOS A TEMPOS!

SÃO PEDRO LIDEROU CRISTÃOS ROMANOS, MAS NUNCA FOI PAPA, DIZEM HISTORIADORES

Na época do santo, liderança das igrejas cristãs era 'compartilhada' por anciãos. Papado 'monárquico' surgiu séculos mais tarde; m
artírio em Roma é provável.

Reinaldo José Lopes Do G1, em São Paulo.

Reprodução

Segundo a tradição cristã, Pedro morreu crucificado de cabeça para baixo, a mando do imperador romano Nero (Foto: Reprodução)

Católicos do mundo todo vêem São Pedro como o protótipo dos papas, o homem que fundou a sucessão ininterrupta de líderes da Igreja que chega até Bento XVI, mas o papel real do "príncipe dos apóstolos" provavelmente foi bem mais modesto, afirmam historiadores. Embora seja bem possível que Pedro tenha vivido, pregado e morrido em Roma, ele não fundou um governo centralizado da igreja romana, o qual demorou séculos para emergir.

Mais importante ainda, embora a igreja de Roma tenha conquistado desde cedo uma posição de destaque entre as comunidades cristãs espalhadas pela bacia do Mediterrâneo, as outras igrejas não creditavam o prestígio romano ao "papado" de Pedro, mas ao fato de que tanto ele quanto seu companheiro de apostolado, São Paulo, haviam pregado a palavra de Jesus e morrido em Roma. É o que diz um texto escrito por volta do ano 180 pelo líder cristão Irineu de Lyon.

Segundo Irineu, a comunidade de Roma havia sido "fundada e organizada pelos dois gloriosos apóstolos, Pedro e Paulo". "Para Irineu, a competência da igreja de Roma provinha de sua fundação pelos dois apóstolos, Pedro e Paulo, não só por Pedro", resume o historiador irlandês Eamon Duffy, da Universidade de Cambridge, em seu livro "Santos e Pecadores: História dos Papas".

Chegando mais tarde

Na verdade, a situação era ainda mais complicada do que Irineu imaginava. Tudo indica que a comunidade cristã de Roma foi fundada por um anônimo seguidor de Jesus, provavelmente um judeu da Palestina que se juntou aos dezenas de milhares de membros da comunidade judaica da capital do Império Romano. São Paulo, ao escrever para os cristãos de Roma na década de 50 do século 1, em nenhum momento menciona a presença de Pedro na cidade.

No entanto, sabemos pelos Atos dos Apóstolos, livro do Novo Testamento escrito no fim do século 1, que Paulo acabou indo para a cidade para ser julgado pelo imperador romano num processo que estava sofrendo. E outros textos, também do fim do século 1 e começo do século 2, dão conta de que tanto Paulo quanto Pedro foram mortos durante a perseguição contra os cristãos ordenada pelo imperador Nero entre os anos 64 e 67. A tradição sobre o martírio é relativamente próxima dos eventos, embora não esteja registrada na Bíblia, e há pouca razão para duvidar que os santos morreram mesmo na Cidade Eterna.


Pedro é retratado como papa nesta pintura sacra portuguesa do século 16 (Foto: Reprodução)

Pescador impetuoso



Para o padre e historiador americano John P. Meier, professor da Universidade Notre Dame e autor da monumental série "Um Judeu Marginal" (ainda não concluída) sobre a figura histórica de Jesus, o Novo Testamento traz uma série de informações importantes e confiáveis sobre Pedro. Originalmente, ele era um pescador da Galiléia (norte de Israel), casado, e aderiu ao grupo de discípulos de Jesus junto com seu irmão André. O nome de seu pai era João ou Jonas, e seu nome original era Simão.

O mais provável é que Jesus tenha dado a ele o apelido aramaico de Kepa (ou Kephas, como escreve São Paulo), "a pedra" ou "a rocha", depois traduzido como Petros, ou Pedro, em grego. Todos os evangelistas o apresentam como o principal membro do grupo dos Doze Apóstolos, ou como o porta-voz deles, e também retratam-no como um homem ao mesmo tempo generoso, extremamente apegado a Jesus, cabeça-dura (talvez uma relação irônica com seu apelido), indeciso e dado a súbitas mudanças de opinião.

Em suas cartas, São Paulo relata um relacionamento tempestuoso com Pedro. Ao se converter à fé em Jesus (Paulo, judeu com cidadania romana, antes perseguia os cristãos), Paulo teria passado alguns anos sozinho até ir a Jerusalém e falar com Pedro e outros apóstolos. Depois, conseguiu convencer o grupo original de seguidores de Jesus que os pagãos também poderiam ser convertidos, mas entrou em conflito com Pedro, chamando-o de hipócrita. É que Pedro foi visitar a comunidade cristã de Antioquia, na Síria, e inicialmente fazia suas refeições com os crentes de origem pagã, coisa proibida pela lei judaica. No entanto, quando outros judeus cristãos apareceram na cidade, ele parou de fazê-lo, o que provocou a reprimenda de Paulo.


As chaves do Reino dos Céus

Há indícios de que, antes de ir para Roma, o santo passou por Antioquia e por Corinto, na Grécia. No entanto, o momento definidor de sua carreira como "papa", segundo os apóstolos, teria acontecido ainda durante a vida de Jesus. Segundo o Evangelho de Mateus, Pedro teria dado mostras impressionantes da fé em seu mestre eu declarar a ele: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo". Jesus, então, teria prometido a Pedro

a liderança de seus seguidores: "Eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do Inferno não prevalecerão contra ela. Darei a ti as chaves do Reino dos Céus".


Nesta obra do século 15, do italiano Pietro Perugino, o santo recebe de Jesus as chaves do Reino do Céu (Foto: Reprodução)

John P. Meier afirma que a "profissão de fé" extraordinária de Pedro provavelmente é um fato histórico, por estar registrada nas diversas fontes usadas pelos evangelistas para compor suas narrativas. Também não duvida do papel de liderança de Pedro na Igreja primitiva. No entando, diz acreditar que a promessa de Jesus não é histórica, justamente porque ela usa a expressão "igreja" -- que praticamente não aparece nos textos do Novo Testamento que tratam da vida de Jesus. Para ele, Mateus "retrojeta" uma situação da Igreja primitiva para a época em que Cristo ainda estava vivo.

Mais importante ainda para a questão do "papado" de Pedro, escreve Eamon Duffy, é o fato de que Roma aparentemente não tinham um bispo único até por volta do ano 150, ou seja, quase um século após a morte do apóstolo. É bom lembrar que, originalmente, o papa era o bispo de Roma, que recebia especial atenção de seus pares por governar a comunidade cristã onde tinham sido martirizados Pedro e Paulo. No entanto, vários documentos do começo do século 2, escritos para a comunidade de Roma e por membros dela, em nenhum momento fazem menção a um bispo, mas apenas aos "anciãos da igreja" ou "dirigentes da igreja".

Para Duffy, a explicação mais provável é que a unificação do comando da igreja romana nas mãos de um só bispo veio mais tarde, por causa de uma série de pressões externas e internas, entre elas o surgimento de heresias poderosas, que contrariavam os ensinamentos cristãos originais. Como forma de defesa, as igrejas, entre elas a de Roma, teriam instituído a "monarquia" dos bispos.


Fonte: G1 - Ciência da Fé

quinta-feira, junho 19, 2008

O DISCURSO PROFÉTICO COMO UMA CRÍTICA DINÂMICA E ATUAL

É impressionante o quanto o fenômeno profético em Israel, ecoa como um confronto à aptidão moral e espiritual dos povos ainda hoje. Não há modelo de governo que passe ileso às acusações éticas de Iahweh, não há religiosidade, qualquer que seja, que lhe agrade, antes, ao contrário, somos todos culpados diante de sua justiça e perfeita retidão. Não fosse sua graça em nos redimir por meio de Jesus Cristo, seríamos todos consumidos por sua ira.

O que seria de um país como o Brasil, onde “os ricos ficam cada vez mais ricos e os pobres ficam cada vez mais pobres”, pelo fato de ser um país cuja concentração de renda é uma das mais injustas do mundo. Assistimos de camarote os oprimidos brasileiros, quase toda a nação, serem sistematicamente massacrados subsistindo a base de ilicitudes e sacrifícios atrozes, tendo “sua carne comida e seus ossos esmagados”. Vimos milhares recorrendo à venda de seus corpos que divertem os que estão dispostos a abusá-los, — “carne” muito apreciada por visitantes estrangeiros — além da angustiante constatação de que é um país de governantes estupidamente corruptos. Amordaça-nos a violência gerada por tamanha penúria. Desanimaria qualquer profeta a variedade de crenças religiosas no Brasil, é de uma pluralidade infinita e mutante, pois, neste país, encontra facilmente adeptos inescrupulosos que desejam satisfazer-se de fábulas e pseudo-evangelhos que não confrontam a impiedade humana, mas, que acalentam seus maiores desatinos. Se houvessem profetas no Brasil, como os de Israel, provavelmente não se mudaria o discurso para uma nação má e perversa, que se prostitui embaixo de qualquer árvore frondosa.

“Eu vi as tuas transgressões, oh Brasil! Como se vendem seus governantes por um maço de dólares, se prostrando diante de qualquer deus pelo favor de eleitores famintos. Vi a fome no morro sendo saciada pelas drogas, e os guardiões da sociedade também se alimentando delas. Vi todos os povos meneando a cabeça e dizendo: ‘Vamos! Há fartura de deleites no Brasil, o povo é iletrado e suscetível à imoralidade, suas festas são verdadeiras orgias!’ Ah, quem dera essa nação ouvisse minha voz, se humilhasse e buscasse a minha face. Mas o Brasil não quer me ouvir...”

Ao ser entrevistado acerca da contemporaneidade de sua obra, certo intelectual afirmou: “Meus livros não possuem temas tão atuais, as pessoas é que não evoluíram”. Hoje em dia não há como concordar com os defensores do evolucionismo intelecto-sócio-cultural dos homens, uma vez que continuamos travando guerras, permitindo que grandes massas ao redor da terra morram de fome. Homens que fomentam a pornografia, o uso de drogas e a violência, por causa de suas ambições jamais podem ser considerados homens evoluídos. Sobre todos estes “a ira de Deus se revela” (Rm 1.18), afirmando nossa culpa e transgressão diante de mãos que, mesmo assim, estão estendidas para nos salvar.

Certamente que há na dinâmica do discurso profético há algo novo a se considerar, apesar da miserável realidade que solapava a esperança dos pobres de Israel ser uma realidade até hoje, — para todos, em qualquer cultura — houve uma atualização da mensagem divina, além de uma grande abertura na forma de sua divulgação, — talvez a única evolução que realmente se possa levar em conta. Povos de toda língua, tribo e nação, imersos em seus processos culturais, anunciam o Evangelho e manifestam seu descontentamento com o pensamento corrente no mundo, conforme seus próprios preceitos étnicos. Portanto, a vinda do Messias, “na plenitude dos tempos” (Gl 4.4), abriu uma nova possibilidade aos homens de dura cerviz que, por obras da penosa lei dada a Moisés, jamais seriam capazes de encontrar justificação para a culpa pelos seus pecados. Hoje a mensagem profética da cruz, é suficiente para transformar pessoas apesar da dureza de seus corações, não estando restrita a um círculo cultural. Contudo, a atual mensagem não desconsidera todas as verdades trazidas a lume no passado. Elas são constantes, consistentes e contundentes em nossos dias e, como a Igreja de Cristo é quem está habilitada para proclamação destas verdades, deve estar preparada para enfrentar a mesma massa enfurecida que não suporta a dor que a verdade divina provoca.

O que se tornou desnecessário foi a formalização profética do discurso, não carecendo mais de utilizar-se de padrões formais (ou técnicos) de expressão, para validar a palavra de Iahweh, porém, não se pode abrir mão do comprometimento do mensageiro com o remetente e, posteriormente, com o destinatário. Isso porque falsos profetas, aqueles que cultuam o “vil metal” mais ainda nos dias de hoje, proliferam-se com velocidade ainda maior que em tempos primitivos. Meios de comunicação em massa otimizam a amplitude de seu alcance e a velocidade de seus efeitos maléficos, enriquecendo-os por comercializarem uma pseudo-profecia, com propriedades unicamente pragmáticas, fundamentadas em interpretações mentirosas das Sagradas Escrituras. Neste caso, o texto serve para justificar suas fraudes, mas, não para exaltar a verdade.

Hoje em dia fazem falta os homens e mulheres que, possuídos pelo ímpeto de uma missão oriunda do Altíssimo, afrontariam corajosamente todo tipo de inverdades. Ocasionando, com o conteúdo de suas mensagens, uma mobilização nacional a ponto de que mudanças devessem acontecer de qualquer maneira.