segunda-feira, outubro 22, 2007

O VOTO DE JEFTÉ

Dentre tantas dificuldades que temos na leitura da Bíblia, estão textos que parecem contradizer seus principais princípios. Um destes textos é o que trata do voto de Jefté, um dos juízes de Israel que faz um infeliz voto a Deus para que este lhe dê vitória sobre seus inimigos, opressores de seu povo. Eis o texto: E Jefté fez um voto a IAHWEH: ‘Se entregares os amonitas nas minhas mãos, aquele que sair primeiro da porta da minha casa para vir ao meu encontro quando eu voltar são e salvo do combate contra os amonitas, esse pertencerá a IAHWEH, e eu o oferecerei em holocausto’” (Juízes 11.30-31 – Bíblia de Jerusalém).

Para a infelicidade de Jefté a primeira pessoa que saiu a seu encontro foi sua única filha, festejando com danças a vitória de seu pai. Transtornado, Jefté rasga as suas vestes e angustiou-se profundamente explicando à sua filha o conteúdo de seu voto dizendo: “não posso recuar [no voto]” (BJ - v. 35).

Há uma enorme discussão, portanto, em torno deste voto. Se Jefté era um homem a serviço de Deus, sob a orientação de sua Lei, jamais poderia votar o sacrifício de um ser humano (Lv 18.21; 20.2-5; Dt 12.31; 18.10). Mas, não se deve atenuar o que está escrito com base em pré-concepções, ao contrário deve-se haver a maior clareza possível no trato do assunto para obtermos o ensinamento verdadeiro que o texto contém. Veja o texto na língua original:


:dyb Nwme ynb-ta Ntt Nwtn-Ma rmayw hwhyl rdn xtpy rdyw 30

ytarql ytyb ytldm auy rsa auwyh hyhw 31

:hlwe whtylehw hwhyl hyhw Nwme ynb Mwlsb ybwsb

Tradução literal:

“E votou Jefté um voto a YAHWEH dizendo: “Se me der dado os filhos de Amon voto: e será quem quer que seja que saia da porta de minha casa, ao meu encontro, quando voltar salvo do combate com os filhos de Amon será para YAHWEH eu oferecerei em holocausto”.

Versões conhecidas:

ARA – “30 Fez Jefté um voto ao SENHOR e disse: Se, com efeito, me entregares os filhos de Amom nas minhas mãos, 31 quem primeiro da porta da minha casa me sair ao encontro, voltando eu vitorioso dos filhos de Amom, esse será do SENHOR, e eu o oferecerei em holocausto”.

ARC – “30 E Jefté fez um voto ao SENHOR e disse: Se totalmente deres os filhos de Amom na minha mão, 31 aquilo que, saindo da porta de minha casa, me sair ao encontro, voltando eu dos filhos de Amom em paz, isso será do SENHOR, e o oferecerei em holocausto”.

NVI – “ 30 E Jefté fez este voto ao Senhor: ‘Se entregares os amonitas nas minhas mãos, 31 aquele que estiver saindo da porta da minha casa ao meu encontro, quando eu retornar da vitória sobre os amonitas, será do Senhor, e eu o oferecerei em holocausto’”.

TEB – “30 Jefté fez um voto ao Senhor e disse: ‘Se verdadeiramente me entregas os filhos de Amon, 31 quem quer que saia das portas de minha casa ao meu encontro, quando eu voltar são e salvo do meio dos filhos de Amon, esse pertencerá ao Senhor e eu o oferecerei em holocausto’”.

BJ – “E Jefté fez um voto a IAHWEH: ‘Se entregares os amonitas nas minhas mãos, aquele que sair primeiro da porta da minha casa para vir ao meu encontro quando eu voltar são e salvo do combate contra os amonitas, esse pertencerá a IAHWEH, e eu o oferecerei em holocausto’”.

Nos exemplos acima somente a ARC traduziu auwyh hyhw como aquilo que”. As demais traduções, mais honestas a meu ver, fizeram a tradução correta tratando o objeto da frase como alguém e não como algo. O texto não se refere a “alguma coisa”, criando a possibilidade de que Jefté estivesse falando de um animal qualquer ou de “outra criatura” como afirmam alguns estudiosos. Pelo que está escrito fica muito claro que Jefté estava realmente falando de um sacrifício humano, sua tristeza deu-se pelo fato desta pessoa ser sua única filha. Enfim, o verso 39 diz: “Ao cabo de dois meses, voltou para junto de seu pai e ele cumpriu sobre ela o voto que pronunciara”. A palavra hlwe ('olah) muitas vezes é traduzida como "um holocausto" ou “oferta queimada”. Quando o ofertante faz um 'olah, o sacrifício foi completamente queimado.

Uma versão contrária ao que estou dizendo é esta: “Jefté não sacrificou sua filha ao Senhor porque foi um homem piedoso, revestido pelo Espírito do Deus (Juizes 11:29). Desde que o Espírito Santo esteve sobre Jefté, não lhe seria permitido manchar suas mãos no sangue da sua própria criança; e especialmente embaixo da pretensão de oferecer um sacrifício agradável a Deus que é o Pai da humanidade, e a Fonte de amor, clemência, e compaixão”. A sua conclusão, então, é que Jefté não sacrificou sua filha a Deus, mas a consagrou para servir ao Senhor em um estado da virgindade perpétua. Esta visão é baseada nas palavras “ela nunca conheceu um homem” (v. 39). Então ela foi dedicada ou consagrada a Deus tendo que viver celibatária até a morte. É claro que a virgindade da filha de Jefté também traz grande peso ao entendimento do texto, mas, somente no que tange informar o quão infeliz foi aquela jovem morrer sem poder ter filhos. Isso era uma grande desgraça para as mulheres naquela época e lugar.

Não podemos amenizar o dilema moral em que Jefté se meteu alterando a tradução do texto conforme nos convém. Também não podemos transcender o conteúdo do texto, incluindo ali nossa “impressão”. É óbvio que isso dificultará uma explicação do fato de que um homem que é celebrado como “um herói da fé” em hebreus 11:32, fez um sacrifício humano a Deus. Sejamos honestos, o texto afirma que ele sacrificaria mesmo uma pessoa. Lembremos-nos também que a moralidade não era o forte de Jefté:

Juízes 11 - ARC

1 Era, então, Jefté, o gileadita, valente e valoroso, porém filho de uma prostituta; mas Gileade gerara a Jefté. 2 Também a mulher de Gileade lhe deu filhos, e, sendo os filhos desta mulher já grandes, repeliram a Jefté e lhe disseram: Não herdarás em casa de nosso pai, porque és filho de outra mulher. 3 Então, Jefté fugiu de diante de seus irmãos e habitou na terra de Tobe; e homens levianos se ajuntaram com Jefté e saíam com ele”.

Jefté votou um sacrifício humano porque isso era comum em seu tempo, só que para pagãos (Moloque é um exemplo disso). Em sua ignorância completa da Lei, sendo ele marginalizado em sua terra, Jefté optou em oferecer a Deus o que ele aprendera que lhe seria mui caro – certamente ignorando o fato de que essa oferta poderia ser sua filha (v 35).

Vejo que, no final, o foco desta narrativa não está sobre o sacrifício da filha de Jefté, mas, da irrevogabilidade do voto feito a Deus. Uma vez feito o voto, não era possível tornar atrás. Para a sua época o texto traz a lume a responsabilidade de um povo que foi feito representante de Deus na terra, porta-voz de sua majestade e demais atributos divinos. Como a igreja hoje é plenipotenciária da mesma mensagem e conduta: “Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não, porque o que passa disso é de procedência maligna.” (Mateus 5:37).

Talvez, com uma conclusão tão miúda, se possa achar este pensamento um tanto simplista, portanto, quero lhe instigar a analisar o que digo a respeito do voto na Lei, na época de Jefté. Certamente será uma agradável pesquisa.

Sugiro que toda discussão que possa surgir em sobre esse assunto, gire em torno do que está escrito e não do que se acha ou do que se prefira. Possivelmente vou falar a respeito de Jefté como herói da fé, então, há muito em que devamos investir nossas mais fervorosas orações.

quinta-feira, outubro 11, 2007

PESQUISADORA HOLANDESA RECLAMA O DIREITO DE CONFIRMAR O SELO DE JEZABEL

Por Cnaan Liphshiz

Por uns 40 anos, um dos mais destacados sinetes de opala expostos no Museu de Israel, permaneceu sem um contexto histórico acurado. Duas semanas atrás, o pesquisadora holandesa Marjo Korpel identificou o artigo como o selo official da rainha Jezabel, um das mulheres mais poderosas e perversas da Bíblia.

Arqueologistas israelenses suspeitavam que Jezabel fosse sua proprietária desde sua documentação em 1964. “Teria ele pertencido a esposa fenícia de Acabe?” escreveu o anteriormente o arqueologista Nahman Avigad pioneiro da descoberta do selo, o qual ele obteve por meio do mercado de antiguidades. “Embora se ajuste a rainha, vinda do mesmo período e com um nome raro que não foi documentado em lugar algum além da Bíblia Hebraica, nós não podemos saber com certeza”.

A afirmação cautelosa de Avigad originou-se do fato de que o selo não veio de uma escavação oficialmente aprovada. Pensa-se que o objeto veio da Samaria, no nono século A.E.C. (antes da era cristã), mas não havia como saber com certeza onde ele foi encontrado. E esta tem sido a barreira científica que Korpel, — um teólogo e Ugaritologista da Universidade de Utrecht e um ministro Protestante — pretendem conquistar.

Em seu paper, que tem planos de aparecer na Revista de Arqueologia Bíblica , altamente respeitada, Korpel enumera as observações que pertencem ao simbolismo do selo: tamanho excepcional, forma e período de tempo. Por meio da eliminação, ela mostra Jezabel como a única proprietária plausível. Ele também explica como duas cartas ausentes do selo apontam para o musaranho fenício.

Como um ministro, nunca falo de coincidências, mas a minha pesquisa aconteceu por acaso," disse Korpel a Haaretz (jornal eletrônico a quem pertence este artigo) na semana passada. "Pediram-me entregar um paper sobre a incorporação feminina. Não sou um feminista, mas eu tinha escrito sobre a imagem do selo”.

Korpel diz que ela (a que solicitou o paper?) provavelmente viu o selo anos antes sua visita ao Museu de Israel, mas somente muito tempo depois isso despertou seu interesse. “As letras perdidas no topo me intrigou. Eu usei a reconstrução de textos antigos quebrados de uma pesquisa mais recente”.

Para ouvir da pesquisa de Korpel, o doutor Hagai Misgav, da Universidade Hebraica, disse que ele acreditou que a Autoridade de Antiguidades de Israel e o Museu de Israel têm na sua posse muito mais artigos que transportam pistas históricas despercebidas. "Nem todos os artefatos foram completamente examinados," ele disse. "Há muitas descobertas que esperam para que isso seja feito." Misgav acrescentou que ele teria de estudar o trabalho de Korpel mais completamente para comentar algo mais sobre ele.

Espera-se que o selo seja exposto no Museu de Israel, em Jerusalém, quando ele reabrir após o trabalho de renovação, que atualmente está em andamento, seja terminado.

Depois da sua descoberta, Korpel, 48, teve de lidar com um ataque violento de meios de comunicação. A história do selo foi por enquanto apresentada em jornais nacionais, locais e em revistas. "O telefone está desligando o gancho!" Korpel diz. "O jornal local até realizou um quadro sobre mim. Senti-me um bocado desajeitado indo à loja de esquina durante algum tempo."

Como um pesquisadora, Korpel afirma que a sua pesquisa serve somente para comprovar que o selo pertenceu a Jezebel. "A verdade é que não há nenhum modo de saber com certeza de onde o selo vem. Teoricamente, ele pode vir de qualquer lugar. Mas dizendo como uma pessoa privada, estou na minha mente 99 por cento seguro que ele pertenceu a Jezebel," ela diz depois de um pouco de lisonja.

Contudo, Korpel não é arqueóloga, e a sua pesquisa de achados arqueológicos é essencialmente textual. "Pensei nisto. Mas muitos campos de pesquisa vêem descobertas importantes por pesquisadores de campos relacionados," ela diz. "Admito que a minha solução do selo de Jezebel é bastante simples. Mas então, assim foi a invenção do clipe de papel."

Miriam Feinberg Vamosh contribuiu com este artigo.

Fonte Haaretz.com

http://www.haaretz.com/hasen/pages/ShArt.jhtml?itemNo=911612

sábado, setembro 22, 2007

Pastor evangélico é acusado de estelionato em SP


Sex, 21 Set, 08h44
A Polícia Civil de Araçatuba (a 530 km de São Paulo) investiga o pastor Marcos Paulo Borges Bueno, da Igreja Universal do Reino de Deus, acusado de estelionato porque teria convencido a cabeleireira Simone Vitório, de 29 anos, a doar R$ 3 mil em troca de uma bênção para "curar" as dificuldades enfrentadas por sua família. Simone retirou R$ 2,8 mil da poupança mantida pelo marido e R$ 200 reservados para pagar o aluguel e entregou ao pastor, com a promessa de receber o dinheiro de volta caso seu marido, o padeiro Aparecido Vitório, discordasse. A doação foi feita durante a campanha "Fogueira Santa de Israel", no último domingo de julho.

No dia seguinte, ao saber da doação, Vitório ficou revoltado porque o dinheiro vinha sendo economizado por ele e a mulher havia mais de dois anos e o casal estava sem recursos para pagar o aluguel da casa. "Fiquei tranqüila porque o pastor tinha dado sua palavra de 'homem de Deus' que devolveria o dinheiro. Mas não foi o que aconteceu", diz Simone.

O casal passou a procurar o pastor para receber o dinheiro de volta, sem sucesso, até que, nesta semana, o casal foi à polícia. O delegado Vilson Disposti diz que o pastor usou a fragilidade da cabeleireira para forçá-la a entregar o dinheiro. Segundo Disposti, em depoimento prestado na última quarta-feira, Bueno afirmou que não pôde devolver os R$ 3 mil porque o dinheiro já tinha dado entrada na contabilidade da matriz da Igreja em São Paulo e ele não teria como reavê-lo. A Assessoria de Imprensa da Igreja foi procurada, mas não respondeu à reportagem.

AGÊNCIA ESTADO , Sex. 21 Set., 08h44
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Em minha opinião esta corja de falsos pastores deveria estar toda na cadeia. Não têm compromisso com Deus, nem com sua palavra, utilizam-se de marketing agressivo, abusivo e obsceno, para tocar nas feridas das pessoas e, atingindo seus pontos fracos, aproveitam-se para estorquir-lhes tudo o que conseguiram com o suor de seus rostos.

Não são de Deus, nem fiéis a Jesus Cristo, são seguidores de Mamom (Mt 6.24). Tolo é quem acredita nesse tipo de gente.

Porque virá tempo em que não sofrerão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas” (II Timóteo 4.3,4).

quarta-feira, setembro 19, 2007

SEPULCRO DE JESUS, MARIA MADALENA - EVITANDO AS DISTORÇÕES

Alguém ainda discute isso? Provavelmente será meu último post sobre o assunto.
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Acho o brasileiro não-cristão muito engraçado. Qualquer coisa que se fale a respeito da fé cristã é motivo de grandes celeumas, principalmente se alguém aparece dizendo que ira "desmistificar" tudo em que, tradicionalmente, se crê sobre Jesus. Normalmente as pessoas lêem tudo que foi dito contra, porém, pouquíssimos ou quase ninguém busca saber quais são as contrapartidas, réplicas, ou nossa posição, achando que não trabalhamos o assunto de forma acadêmica, somente de forma religiosa, abstrata. Normalmente já desprezam qualquer resposta mesmo que não tenham nenhuma base teológica para julgá-las. Normal, coisa de brasileiro: "li mais de mil livros que dizem que Maria Madalena foi a esposa de Jesus, portanto, estou convencido disto!!!" Me desculpem, mas, é muita mediocridade.

Em países onde o estudo teológico é respeitado, nos quais seus acadêmicos possuem mais recursos e estão mais próximos das fontes (arqueológicas, por exemplo), o assunto "sepulcro de Jesus Cristo", não passa de uma farsa e deixou de ter importância há muito tempo. Esse assunto e todas as suas derivações foram exaustivamente discutidas e, como não possuem probidade alguma (só uma propriedade bem comercial), foram postas de lado para que seja dada atenção a algo realmente relevante e probo.

Se você quer mesmo afirmar que a tumba era de Jesus, que Maria Madalena era sua esposa, então você vai ter que desmentir muitos eruditos, com ou sem vínculo denominacional, que falaram sobre o assunto, condenando o documentário. Basear-se no livretinho do Jacobovici não resolve, então, minha sugestão é que, para sermos honestos em defesa da verdade e não do que nos interessa, devemos no mínimo ouvir o que todos tem a dizer.

Enfim, para os amigos visitantes deste blog que queiram confrontar idéias contrárias ao que o documentário afirma, indico a leitura dos artigos da UHL (University of the Holy Land - Universidade da Terra Santa) e daí reavaliem suas posições. Diga-se de passagem que esta universidade é em Israel e que seus estudiosos já conhecem esta tumba não é de hoje.

Se o link da imagem não funcionar clique aqui.

Os artigos são em inglês, caso não seja sua praia use essa ferramenta aqui para traduzi-los.

Boa leitura.

Pr. Luciano

quinta-feira, agosto 30, 2007

MAPAS BÍBLICOS ONLINE



Mais uma interessante ferramenta do grupo Google:
Mapas das terras bíblicas. Clique aqui para ver.

Neste outro link, você pode verificar mapas mencionados na Bíblia, livro por livro, também usando mapas do Google.

Divirta-se!

segunda-feira, maio 28, 2007

Os dez maiores teólogos do AT

Charles Halton do blog awilum, elencou o que ele considera os “Top ten” (dez melhores/maiores) estudiosos do AT, desde 1800.

O Dr. Claude Mariottini, professor de AT, no Western Seminary, substituiria os teólogos que ocupam a nona e a décima posição, substituindo-os por Albrecht Alt e R. Driver respectivamente.

Segue a lista:

1. Julius Wellhausen - ninguém foi mais influente que ele no último século;

2. William F. Albright - a pessoa que criou a "arqueologia bíblica";

3. Martin Noth - já ouviu falar na História Deuteronomistica?

4. Hermann Gunkel - formou a escola crítica;

5. Gerhard von Rad - trouxe a teologia do AT de volta às discussões acadêmicas;

6. Frank Moore Cross - epigrafista;

7. Norman Gottwald - integrou as ciências sociais aos estudos bíblicos;

8. Brevard Childs - criticismo canônico;

9. John Van Seters and Thomas L. Thompson - nascimento do "minimalismo"; e

10. William Dever - extraordinário arqueologista.

segunda-feira, maio 14, 2007

A TEOLOGIA MODERNA E A CRÍTICA DA BÍBLIA

C. S. Lewis

A antiga ortodoxia tem sido solapada principalmente pela obra deletéria de teólogos engajados na crítica do Novo Testamento. A autoridade de especialistas naquela disciplina é a autoridade em deferência à qual somos solicitados a desistir de um imenso acúmulo de crenças compartilhadas em comum pela Igreja primitiva, pelos pais da Igreja, pela Idade Média, pela Reforma Protestante, pelos pregadores do século 19. Quero explicar aqui o que me deixa cético quanto a essa autoridade, ignorantemente cético, conforme muitos diriam após um exame superficial da questão. Mas o ceticismo é o pai da ignorância. É difícil alguém perseverar em um estudo detalhado quando tal estudioso não pode confiar prima facie em seus mestres.Em primeiro lugar, o que quer que esses homens possam ser como críticos da Bíblia, desconfio deles como críticos. A mim parece que são fracos quanto a um bom juízo literário, mostrando-se incapazes de perceber a própria qualidade dos textos que examinam. Pode parecer isso uma estranha acusação contra indivíduos que têm estudado esses livros a sua vida inteira. Mas talvez precisamente aí resida a dificuldade deles. Um homem que passou toda a sua juventude e idade adulta fazendo pesquisas minuciosas nos textos do Novo Testamento e nos estudos de outros homens sobre estes textos, cuja experiência literária sobre aqueles textos ressente-se de quaisquer padrões de comparação que só podem desenvolver-se após uma ampla e profunda e genial experiência com a literatura em geral, conforme penso, tende muito a perder de vista as questões óbvias envolvidas. Se tal homem chega e diz que alguma coisa, em um dos evangelhos, é lendária ou romântica, então quero saber quantas lendas e romances ele já leu, o quanto está desenvolvido o seu gosto literário para poder detectar lendas e romances, e não quantos anos ele já passou estudando aquele evangelho. Porém, provavelmente seria melhor eu citar exemplos.

Em um comentário que atualmente já é bastante antigo, li que o quarto evangelho é considerado por certa escola crítica como um "romance espiritual", como "um poema, e não uma história", que deve ser aquilatado pelos mesmos cânones que a parábola de Natã, o livro de Jonas, o Paraíso Perdido, ou, mais exatamente ainda, o Peregrino de John Bunyan. Depois que um crítico faz essa declaração, por qual motivo daríamos atenção a qualquer coisa que ele ainda possa dizer sobre qualquer livro do mundo? Notemos que este autor considerou o Peregrino, uma história que professa ser um mero sonho e que exibe sua natureza alegórica da maneira mais explícita, como o mais chegado paralelo do evangelho de João! Notemos também que tal autor nem deu atenção ao fato de que Milton não escondeu estar escrevendo uma poesia épica. Mas mesmo que deixemos de lado esses absurdos mais grosseiros e nos apeguemos ao livro de Jonas, ainda assim a insensibilidade desse autor é crassa - pois disse ele que Jonas é apenas um conto, sem quaisquer pretensões de historicidade, um incidente grotesco e certamente não destituído de uma veia humorística tipicamente judaica, embora, sem dúvida, distintivamente edificante. Voltemo-nos, em seguida, para o evangelho de João. Leiamos os seus diálogos: aquele entre Jesus e a mulher samaritana, à beira do poço, ou então aquele outro, após a cura do cego de nascença. Examinemos em seguida os seus quadros mentais: Jesus (se me é permitido usar o termo) a escrever na areia com Seus próprios dedos; a inesquecível observação hvn dev nux (João 13.30), "E era noite". Sim, tenho lido poemas, romances, literatura acerca de visões, lendas e mitos a vida toda. Sei com o que esse tipo de literatura se parece. Sei que em todo esse tipo de literatura não há nada que chegue à altura do quarto evangelho. Acerca do texto do quarto evangelho só são cabíveis dois pontos de vista. Ou trata-se de uma reportagem - que se aproxima extraordinariamente dos fatos ocorridos, conforme disse Boswell. Ou então, algum escritor desconhecido, no século 2º d. C., sem quaisquer antecessores ou sucessores conhecidos, de súbito antecipou a técnica inteira da narrativa moderna, novelesca, realista. Se o evangelho de João é veraz, então deve ser alguma narrativa dessa categoria. O leitor que não puder perceber isso, simplesmente ainda não aprendeu a ler.

Na obra de Bultmann, Theology of the New Testament (pág. 30), encontramos um outro exemplo do que estamos ressaltando. Disse ele: "Observemos de que maneira não-assimilada a predição sobre a parousia (ver Marcos 8.38) segue-se à predição sobre a paixão (Marcos 8.31)." O que Bultmann pode ter querido dizer? Não-assimilada? Bultmann acreditava que as predições acerca da parousia eram mais antigas que as predições a respeito da paixão. Por conseguinte, ele queria acreditar - e sem dúvida assim acreditava - que quando ocorriam as duas menções em uma mesma passagem, é que alguma discrepância ou 'não-assimilação' seria perceptível entre elas. Mas por certo ele impingiu isso sobre o texto sagrado com uma chocante falta de percepção. Pedro acabara de confessar que Jesus era o Ungido. O relâmpago de glória nem se apagara ainda quando começou aquela tenebrosa predição - o Filho do homem haveria de sofrer e morrer. E, então, o tremendo contraste foi reiterado. Pedro, embora tendo-se elevado por um momento, através de sua confissão do messiado de Jesus, chegou a tropeçar: e Jesus o repreendeu com aquelas terríveis palavras, "Arreda! Satanás." E então, em meio à momentânea ruína em que Pedro se transformou (o que sucedeu com certa freqüência), a voz do Mestre, voltando-se para a multidão, generalizou a lição moral. Todos os seguidores de Jesus precisam carregar a sua própria cruz. Esse receio diante do sofrimento, essa autopreservação, não corresponde às realidades da vida. Em seguida, de maneira melhor definida ainda, soou a convocação ao martírio. Ninguém pode desviar-se do reto caminho. Se alguém negar a Cristo aqui e agora, Cristo haverá de negá-lo na outra vida. Lógica, emocional e imaginativamente, a seqüência mostra-se perfeita. Somente um Bultmann poderia pensar de outra forma, com sua Crítica de Forma.

Finalmente, meditemos no que saiu da pena desse mesmo Bultmann: "A personalidade de Jesus não tinha qualquer importância para a pregação de Paulo ou de João... De fato, a tradição da igreja primitiva nem ao menos preservou inconsistentemente um quadro descrito de Sua personalidade. Toda tentativa para reconstruir esse quadro tem permanecido como um jogo de imaginação subjetiva".

Portanto, na opinião da crítica destrutiva o Novo Testamento não nos apresenta qualquer personalidade de nosso Senhor. Através de qual estranho processo aquele erudito alemão entrou, a fim de tornar-se cego para aquilo que todos os homens vêem, menos ele? Qual evidência existe de que ele reconheceria uma personalidade, se tivesse de defrontar-se com ela? Pois o caso é de um Bultmann contra mundum. Se existe alguma coisa que os crentes sentem em comum, e até mesmo muitos incrédulos, essa coisa é que, nos evangelhos, deparamo-nos com uma extraordinária personalidade. Existem personagens que sabemos terem sido figuras históricas, mas acerca das quais sentimos que não possuímos qualquer conhecimento pessoal - conhecimento por meio da familiaridade. Poderíamos citar entre esses vultos pessoas como Alexandre, Átila ou Guilherme de Orange. Existem outros vultos que não reivindicam qualquer realidade histórica, a despeito do que nós os conhecemos como conhecemos pessoas reais, como Papai Noel, Tio Sam ou Super-Homem. Mas existem apenas três personagens que, dotadas da primeira sorte de realidade, também possuidoras da segunda espécie de realidade. E certamente todos sabem de quem se trata: o Sócrates de Platão, o Jesus dos evangelhos e o Johnson de Boswell. Nossa familiaridade com eles exibe-se de diferentes maneiras. Assim, quando nos pomos a ler os evangelhos apócrifos, surpreendemo-nos constantemente a dizer acerca desta ou daquela declaração ou logion: "Não. Temos aqui uma boa declaração. Mas não pertence a Jesus. Não era assim que Ele costumava falar".

Tão poderosa é a fragrância da personalidade que mesmo quando Jesus dizia coisas que - não fora o fato de Ele ser a própria encarnação da Deidade - pareciam espantosamente arrogantes, contudo, nós - e muitos incrédulos, por igual modo - aceitamos a Ele segundo a Sua própria avaliação. Para exemplificar, quando Ele declarou: "... sou manso e humilde de coração..." Até mesmo aquelas passagens do Novo Testamento que, superficialmente, e em intenção, dizem respeito à natureza divina, obscurecendo a natureza humana, levam-nos a enfrentar a personalidade de Jesus. Não tenho a certeza se essas passagens fazem isso mais do que outras. "... o que temos visto com os nossos próprios olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam... a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo..." (1João 1.1-3). Qual é a vantagem que alguém poderia obter por tentar evitar ou dissipar esse avassalador senso de contato pessoal com Jesus, quando esse alguém refere-se "àquela significação que a igreja primitiva encontrava e que se sentia impelida a atribuir ao Mestre"? Declarações assim esbofeteiam-me o rosto. Não devemos pensar no que aqueles cristãos sentiram-se impelidos a fazer, mas podemos comparar tais impressões com as impressões impessoais de um artigo escrito por algum autor da escola da Alta Crítica, ou de um obituário, ou de alguma obra como Life and Letters of Yeshua Bar-Yosef, em três volumes, acompanhada por fotografias antigas.Esse, pois, é o meu primeiro balido. Esses homens pedem-me que eu acredite que eles podem ler entre as linhas dos textos antigos; mas todas as evidências levam-me a notar a óbvia incapacidade deles de lerem (em qualquer sentido digno de discussão) as próprias linhas. Eles afirmam poder ver coisinhas minúsculas, mas não podem ver um elefante a dez metros de distância, em plena luz do dia.

Agora, o meu segundo balido. Toda teologia da categoria liberal envolve, em algum ponto - e, por muitas vezes, do começo ao fim -, a reivindicação que o real comportamento e o propósito dos ensinamentos de Cristo quase imediatamente vieram a ser mal compreendidos e distorcidos por Seus seguidores, e que somente os eruditos modernos puderam exumá-los ou recuperá-los. Ora, muito antes que me interessasse pelas questões teológicas, eu já havia encontrado esse tipo de teoria em outros lugares. A tradição de Jowett ainda dominava os estudos sobre a filosofia antiga quando comecei a ler as obras de Greats. Então, os leitores eram convidados a acreditar que o sentido real dos escritos de Platão havia sido mal entendido por Aristóteles, e loucamente travestido pelos filósofos neoplatônicos, e que tal sentido só foi redescoberto pelos pensadores modernos. E uma vez refeito esse significado, descobriu-se (mui afortunadamente) que Platão o tempo todo havia pensado como um Hegel inglês, ou melhor, como T. H. Green. E, em meus estudos profissionais, encontrei essa idéia pela terceira vez. A cada nova semana algum esperto quartanista, a cada quinze dias algum embotado perito norte-americano, vem descobrir, pela primeira vez na história do mundo qual o sentido real de alguma peça de Shakespeare. Nessa terceira instância, entretanto, já sou uma pessoa privilegiada. A revolução que tem havido na maneira de pensar e sentir, ocorrida durante o curto período de minha vida, é tão grande que, mentalmente falando, pertenço mais ao mundo de Shakespeare do que ao mundo desses intérpretes recentes. Percebo-o, sinto-o nos meus próprios ossos, estou convicto, acima de qualquer argumento, de que a maioria das interpretações desses modernos pensadores é praticamente impossível. Tais interpretações envolvem uma maneira de considerar as coisas que era desconhecida em 1914, e, mais ainda, no período jacobeano. Isso confirma diariamente a minha suspeita quanto à abordagem dos críticos no tocante aos escritos de Platão ou do Novo Testamento. Essa noção de que qualquer homem ou escritor deveria ser opaco e imcompreensível para aqueles que viviam na mesma época, na mesma cultura, que falavam o mesmo idioma, que compartilhavam das mesmas habituais imagens mentais e pressupostos inconscientes, e que, no entanto, torna-se perfeitamente claro e transparente para aqueles que não dispõem de nenhuma dessas óbvias vantagens, em minha opinião, não passa de um imenso absurdo. Nessa noção há uma improbabilidade a priori que não pode ser contrabalançada por quase qualquer argumento e evidência.Em terceiro lugar, descubro nesses teólogos o constante emprego do princípio que diz que os milagres nunca ocorrem. Isso quer dizer que qualquer declaração posta nos lábios de nosso Senhor, pelos textos antigos, se é que Ele a fez realmente, constituiria uma predição sobre o futuro, mas só foi registrada após a ocorrência daquilo que ela parecia predizer. Essa opinião pode parecer sensata para aqueles que julgam saber que jamais ocorrem predições inspiradas. Por semelhante modo, a rejeição de todas as passagens bíblicas que narram milagres como trechos não-históricos, pode parecer uma rejeição sensata para aqueles que pensam saber que os milagres, em geral, jamais ocorrem. Ora, não é meu propósito discutir aqui se os milagres são possíveis ou não. Tão-somente quero ressaltar aqui que essa é uma questão puramente filosófica. Os eruditos, enquanto eruditos, não falam a esse respeito com maior autoridade do que qualquer outra pessoa. O cânon que estipula, "se é miraculoso, não é histórico", é uma regra que os críticos impõem aos seus estudos dos textos sagrados, e não um princípio que deduziram desses textos. E já que estamos falando em autoridade, a autoridade conjunta de todos os críticos bíblicos do mundo é aqui considerada como zero. Quanto a isso, os críticos falam apenas como homens; homens obviamente influenciados pelo espírito da época em que cresceram, espírito esse talvez insuficientemente crítico quanto às suas próprias conclusões.

Mas o meu quarto balido - que também é o mais longo e mais vocífero - ainda vem por aí.Todo esse tipo de crítica tenta reconstruir a gênese dos textos estudados. Essa reconstituição busca quais documentos desaparecidos cada autor usou; quando e onde ele escreveu; com quais propósitos; sob quais influências - a Sitz im Lebenz (situação vivencial) inteira dos textos. E isso é efetuado com imensa erudição e com grande engenho e arte. À primeira vista, esses esforços são muito convincentes. Chego a pensar que eu mesmo poderia ser convencido por tais argumentos, não fora um certo encantamento mágico que sempre trago comigo - uma certa erva fabulosa, de propriedades mágicas - e que uso com sucesso contra tais engodos. Aqui, o leitor precisa desculpar-me se estou falando de mim mesmo por alguns instantes. Pois o valor daquilo que digo depende de ser ou não evidências colhidas em primeira mão.O que me protege definitivamente de todas essas reconstituições feitas pelos críticos é o fato de que tenho visto todas as tentativas deles do outro lado do prisma. Tenho observado os revisores reconstituírem a gênese de meus próprios livros, exatamente dessa forma.Enquanto um escritos não acompanha o processo, no caso de seus próprios livros, ele dificilmente acredita que tão pouco de revisão ordinária é usada pelos críticos. Eles não avaliam, nem elogiam, nem censuram o livro que estão criticando. Quase tudo quanto fazem é utilizarem-se de histórias imaginárias acerca do processo mediante o qual o escritos em pauta teria atuado. Os próprios vocábulos que esses revisores usam, ao elogiar ou censurar a obra, com freqüência dão a entender o que eles fazem. Eles elogiam uma passagem "espontânea" e censuram outra passagem como "elaborada". Em outras palavras, pensam ser capazes de saber que o escritor escreveu uma dessas passagens currente calamo ("ao correr da pena"), ao passo que a segunda, invita Minerva ("contra a vontade de Minerva"), ou seja, sem destreza técnica e sem sabedoria.

Qual o pequeno ou nenhum valor dessas reconstituições, feitas pelos críticos, aprendi desde cedo em minha carreira. Eu havia publicado um livro de ensaios. Aquele foi um livro para o qual me preparei de todo o coração, que tanto mexeu comigo e que escrevi com o mais agudo entusiasmo, acerca da personalidade de William Morris. No entanto, logo na primeira crítica que li a respeito, o revisor afirmava que era óbvio que eu tinha escrito sobre essa personagem sem ter demonstrado o mínimo interesse por ela. Que o leitor não me compreenda mal. Acredito agora que o tal crítico tinha razão ao pensar que o ensaio sobre William Morris foi muito ruim; pelo menos todos concordaram com ele. Mas aonde ele estava totalmente equivocado foi ao imaginar as causas que teriam produzido tão embotado ensaio.Bem, o fato é que isso me deixou com a pulga atrás da orelha. Desde então, tenho vigiado, com alguma preocupação, histórias imaginárias similares, tanto acerca de meus próprios livros como acerca de livros de meus amigos, cuja história real eu saiba. Os revisores, tanto os amigáveis quanto os hostis, pespegam sobre os autores essas invencionices, fazendo-o com grande desenvoltura e confiança própria; dizem quais eventos públicos teriam tido influência direta sobre a mente dos autores, quanto a isso ou quanto a aquilo, quais outros autores tê-los-iam influenciado, quais teriam sido suas intenções globais, qual tipo de audiência os autores estariam visando, e por que e quando os autores fizeram tudo quanto fizeram.

Ora, antes de tudo preciso deixar registradas as minha impressões; e só então, em distinção a isso, poderei asseverar o que sou capaz de dizer com certeza. Minhas impressões são que, na totalidade de minha experiência, nenhuma dessas tentativas de adivinhação dos críticos tem estado ao lado da razão, e que tal método exibe um recorde de cem por cento de fracasso. Alguém poderia esperar que, devido à mera chance, os críticos acertassem tão freqüentemente quanto erram o alvo. Mas a minha nítida impressão é de que eles nunca acertam. Não consigo lembrar de um único acerto deles. Porém, visto que não tenho feito anotações cuidadosas a respeito, minhas meras impressões podem estar equivocadas. O que penso que posso afirmar com toda a certeza é que, usualmente, eles se equivocam...

Ora, sem dúvida esses fatos deveriam fazer-nos parar para refletir. A reconstituição da história de um texto qualquer, quando esse texto é antigo, pode parecer deveras convincente. Em tal caso, entretanto, quem queira provar o contrário estará malhando em ferro frio, pois os resultados obtidos não poderão ser cotejados com os fatos. A fim de averiguarmos quão fidedigno é esse método, que mais poderíamos pedir senão que se examine uma instância, onde o mesmo método foi usado em obras que podemos examinar, por serem recentes? Pois bem, é precisamente isso que tenho feito. E, quando assim fazemos, então descobrimos que os resultados são sempre ou quase sempre errados. Os "firmes resultados da erudição moderna", na sua tentativa de descobrir por quais motivos algum livro antigo foi escrito, segundo podemos facilmente concluir, só são "firmes" porque as pessoas que sabiam dos fatos já faleceram, e não podem desdizer o que os críticos asseguram com tanta autoconfiança. Os gigantescos ensaios em meu próprio campo, que procuraram reconstruir a história do livro Piers Plowman, ou o livro The Faerie Queene, provavelmente não passam das mais puras tapeações.Aventuro-me a comparar qualquer pretensioso que escreve uma crítica literária em uma revista semanal com os grandes eruditos que consagraram suas vidas inteiras ao estudo pormenorizado do Novo Testamento? Se aqueles primeiros sempre se equivocam, segue-se daí que estes últimos não podem sair-se melhor em seu trabalho?
Há duas respostas para essa indagação. Em primeiro lugar, apesar de respeitar a erudição dos grandes críticos das Escrituras Sagradas, ainda não estou persuadido que o juízo deles deva ser igualmente respeitado. Em segundo lugar, consideremos com quantas avassaladoras vantagens iniciam os meros revisores. Eles procuram reconstituir a história de um livro escrito por alguém cuja língua pátria é a mesma que a deles; por alguém que é um contemporâneo, educado como eles o foram, que vivem mais ou menos na mesma atmosfera mental e espiritual. Contam com tudo quanto pode ajudá-los. A superioridade no terreno do julgamento e da diligência que se poderia atribuir aos críticos da Bíblia terá de ser sobre-humana, se tiver de contrabalançar o fato de que por toda parte precisam enfrentar costumes, linguagens, características étnicas, pano de fundo religioso, hábitos de composição e pressupostos básicos que nenhuma erudição jamais poderia capacitar qualquer pessoa viva a saber com tanta certeza, intimidade e instinto, como os meros revisores de obras contemporâneos são capazes de atuar. E pelas mesmas razões, lembremo-nos de que os críticos da Bíblia, sem importar quais reconstituições imaginaram, jamais poderão estar comprovadamente equivocados. Marcos já morreu. E quando encontrarem Pedro, haverá questões mais urgentes a serem debatidas.Naturalmente, o leitor poderá dizer que esses revisores de obras contemporâneas são tolos, por tentarem adivinhar como algum livro, que eles não escreveram, foi escrito por outrem. Eles supõem que alguém escreve uma história, tal como eles mesmos tentariam escrever uma história; e o fato de tentarem realizar essa façanha, explica por que eles nunca produziram qualquer história e a publicaram. Mas, e os críticos da Bíblia apareceram sob melhor luz quando confrontados com aqueles outros? O Dr. Bultmann nunca escreveu um evangelho. As experiências de sua erudita, especializada e sem dúvida meritória vida realmente deram-lhe a capacidade de ler as mentes de homens que morreram faz muitos séculos, arrebatados como eles foram por aquilo que temos de considerar como a experiência religiosa mais central e atordoadora de toda a história humana? Não é uma incivilidade dizer - conforme admitiria o próprio Bultmann - que em todos os sentidos ele deve estar separado dos evangelistas por barreiras muito mais formidáveis - tanto espirituais quanto intelectuais - como nunca poderiam ser interpostas entre meus revisores e mim.

sexta-feira, abril 20, 2007

O GURU E O MERCADO DE TRABALHO

Comentário de Max Gheringer - Rádio CBN. Falando sobre o mercado de trabalho. Horário. às 07h55 da manhã, do último dia 09/03/2007 (Sexta) . O texto a seguir é a gravação deste dia.

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Recebi hoje (15/02/2008) o áudio desta entrevista, para ouví-lo clique aqui.

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"Existem muitos gurus que sabem dar respostas criativas às grandes questões sobre o mercado de trabalho. Aqui vai um pequeno resumo da entrevista com o famoso Reynold Remhn:

Pergunto: Ainda é possível ser feliz num mundo tão competitivo?

Resposta: Quanto mais conhecimento conseguimos acumular, mais entendemos que ainda falta muito para aprendermos. É por isso que sofremos. Trabalhar em excesso é como perseguir o vento. A felicidade só existe para quem souber aproveitar agora os frutos do seu trabalho.

O bom profissional do futuro será um individualista?

Resposta: Pelo contrário. O azar será de quem ficar sozinho, porque se cair, não terá ninguém para ajudá-lo a levantar-se.

Que conselho o senhor dá aos jovens que estão entrando no mercado de trabalho?

Resposta: É melhor ser criticado pelos sábios do que ser elogiado pelos insensatos. Elogios vazios são como gravetos atirados em uma fogueira.

E para os funcionários que tem Chefes centralizadores e perversos?

Resposta: Muitas vezes os justos são tratados pela cartilha dos injustos, mas isso passa. Por mais poderoso que alguém pareça ser, essa pessoa ainda será incapaz de dominar a própria respiração.

O que é exatamente sucesso?

Resposta: É o sono gostoso. Se a fartura do rico não o deixa dormir, ele estará acumulando, ao mesmo tempo, sua riqueza e sua desgraça.

Belas e sábias respostas.

Eu só queria me desculpar pelo fato de que não existe nenhum Reynold Remhn. Eu o inventei. Todas as respostas, embora extremamente atuais foram retiradas de um livro escrito há 2.300 anos: o ECLESIASTES , do Velho Testamento . Mas, se eu digo isso logo no começo, muita gente, talvez, nem tivesse interesse em continuar ouvindo.

Max Gheringer para a CBN".

quarta-feira, abril 18, 2007

Talpiot, a má repercussão continua

Após o recuo de vários especialistas que participaram do documentário, voltando atrás em suas opiniões (confira artigo abaixo), o The Jerusalem Post publicou uma matéria a respeito do assunto.
James Tabor até tenta rebater tais informações...

Saiba mais no Biblioblog Observatório Bíblico, do Prof. Airton José.

sábado, abril 14, 2007

Links do artigo abaixo

Hoje fui verificar os links do artigo abaixo e descobri que alguns não vão para o lugar correto. Como bom brasileiro, publiquei primeiro e verifiquei depois mas, basta você clicar no link para ir ao site correspondente e fazer uma busca pelo nome do expert que você está lendo, então, voilá, lá está o artigo.

sexta-feira, abril 13, 2007

O Sepulcro Perdido de Jesus: Retratação da equipe de acadêmicos

Este texto foi traduzido do artigo original:

Cracks in the Foundation: The Jesus Family Tomb Story - The Experts Weigh In and Bow Out - Disclaimers from the Film's Own Experts

Pela equipe da University of the Holy Land (Universidade da Terra Santa - http://www.uhl.ac)

RACHADURAS NA FUNDAÇÃO:

A Estória da Tumba da Família de Jesus

Os Peritos se Aprofundaram e se Retiraram

“Des-responsabilização” dos Experts Proprietários do Filme

REGISTRANDO

James Cameron e Simcha Jacobovici, os produtores do filme “O Sepulcro Perdido de Jesus” para o Discovery Channel, postaram um desafio no lançamento do filme, em que todos os cientistas e acadêmicos utilizassem seus conhecimentos e habilidades para validar ou não as reivindicações feitas no conteúdo do filme e do livro. Estes desafios, para falar a verdade, vieram no lugar de uma revisão aberta, que de acordo com alguns, deveriam ter tido sua oportunidade antes do lançamento do filme e do livro.

PARTE 1: OS ACADÊMICOS DÃO SUA OPINIÃO

Durante esse episódio do Sepulcro Perdido de Jesus um número de especialistas, acadêmicos e cientistas analisaram bem o assunto para se manifestarem sobre a tumba de Talpiot:

Renomado epígrafo Prof. Frank Moore Croos leu um dos ossuários e disse, “... Eu não tenho nenhuma dúvida que isto é para ser lido Yeshua e seu Yeshua bar Yehoseph, isto é Jesus filho de José”.

Professor François Bovon, especialista em textos apócrifos antigos, indicado a respeito do nome de Mariamne, que ele determinou ser Maria Madalena (conforme os produtores do filme que identificaram “Mariamene” da tumba de Talpiot), disse que “Mariamne é a mesma mulher que Maria de Magdala ou Maria Madalena nos evangelhos sinóticos e nos textos não-canônicos como o Evangelho de Maria e a Fé de Sophia, etc”.

O cientista de DNA Dr. Carney Matheson, ofereceu sua conclusão a respeito do DNA referente ao relacionamento entre o ossuário de “Jesus filho de José” e o assumido ossuário de Maria Madalena: “A partir destas amostras, porque elas vieram da mesma tumba e suspeita-se de que seja uma tumba familiar, estes dois indivíduos, como não eram parentes, o mais provável é que sejam marido e mulher”.

O cientista forense (?) Dr. Robert Genna, consultado a respeito do ossuário de “James o filho de José, irmão de Jesus”, disse “é consistente”.

O paleontologista Dr. Charles Pellegrino exclamou que os testes feitos na pátina, entre o ossuário de “James filho de José, irmão de Jesus” e o ossuário de “Jesus filho de José” são “coincidentes”.

O especialista em estatística, Prof. Andrey Feuerverger’s concluiu: “Baseado nas suposições informadas, a probabilidade é de 600 para um em favor desta tomba ser a tomba da família de Jesus de Nazareth”.

OS CRIADORES DO FILME SUSTENTAM A CONFIABILIDADE DO DESAFIO

Este, então, é o desafio central dos produtores, que especialistas adicionais juntem-se à mesa para (1) estudar e desafiar suas próprias suposições dadas a eles (e.g., que fundamentaram que um dos ossuários contem os restos de Maria Madalena) e (2) estudar e testar as indicações feitas por seus especialistas, que deram o suporte, ou aparentemente deram suporte, às suas reivindicações (especialmente Feuerverger, Matheson, Pellegrino, Bovon e Cross). Como nós devemos ver abaixo, em alguns casos, a sustentação para as afirmações dos produtores do filme não é indicada ou expressa pelos peritos. Mas, antes, as afirmações são feitas pelos próprios produtores, que aumentam as afirmações dos especialistas para reivindicar o que eles não pretendiam afirmar.

Houve muitos que aceitaram o desafio, e estão trabalhando hoje em dia nos papéis que tratarão das edições em vários campos de pesquisa. Tudo isso será publicado nos meses que vem por aí.

Há também as impressões que são compartilhadas por vários acadêmicos fora da película, que tipificam o trabalho do filme como “pornoarcheologia” ou “incrementando a Bíblia”. Estas são tipificações não científicas do trabalho que não ajuda o comunidade acadêmica a seguir em frente em resposta ao desafio dos produtores do filme.

Entretanto, um fenômeno previsto está acontecendo atualmente que pode tirar o vento do navio de um dos produtores desse filme. À exceção do atual diretor e autor, cada um dos peritos que apareceu no documentário publicou um ataque às reivindicações do filme ou, dizendo mais, rejeitam o que eles indicaram (disseram) ou que supõe-se que foi dito naquele filme.

Abaixo vê-se parte da crescente lista destas indicações dos especialistas que apareceram no filme (com a devida fonte de suas publicações incluída):

PARTE 2: OS ACADÊMICOS DO FILME SE RETIRAM

ARQUEOLOGIA

AMOS KLONER

Kloner, que escavou a tumba em 1980 juntamente com Yosef Gath e Shimon Gibson, era o arqueologista chefe no distrito de Jerusalém. Ele publicou o relatório final na tumba em ‘Atiquot, 1998. Ele foi questionado no filme a respeito de sua posição sobre a tumba e foi cético, mas, admitiu que se os produtores pudessem produzir o ossuário de Maria Madalena, isso “seria bem interessante”. Embora seu tom fosse de descrédito.

Quando questionado se a combinação de nomes achados nos ossuários da tumba de Talpiot, era suficientemente significantes para identificá-la como a tumba da família de Jesus Kloner, determinado disse:

“Isso serve para uma ótima estória para um filme na TV. Mas, é completamente impossível. Não tem sentido”. Ele continua: “Jesus filho de ‘Josés’ tem sido encontrado em três ou quatro ossuários. Estes nomes são comuns”.

David Horowitz, The Jerusalem Post, February 27, 2007

SHIMON GIBSON: "O QUE A TUMBA PODE SER NÃO POSSO DIZER"

Gibson fez parte de um time que escavou a toma em 1980; ele também desenhou as plantas originais da tumba. Ele apareceu várias vezes como o perito que é a testemunha ocular para a descoberta da escavação. Ele afirmou que era muito cético, mas estava aberto para discutir os fatos.

Numa entrevista postada em LINK Gibson afirmou:

“A idéia de que a tumba de Talpiot pode ser da família de Jesus é o fundamento principal do documentário feito por Simcha Jacobovici e James Cameron. Eles tem sido bem claro nas entrevistas que eles não são arqueologistas, mas jornalistas investigadores a produtores de filmes. Como tais, tem feito um bom trabalho, e eu penso que com integridade e visão. Eles nem sempre fazem uso de uma gama total de conhecimento de arqueologia, mas isso era de se esperar. Agora, eu poderia dizer às pessoas que estão lendo esta entrevista que devem manter uma mente aberta e que não devem levar isso para o lado emocional; afinal, com todo respeito que tenho pelos produtores, isso continua sendo só um documentário de televisão. Pessoalmente, eu sou cético quanto ao fato desta ser a tumba de Jesus e eu deixei este ponto bem claro aos produtores. Quando eu cheguei em Nova York , eu disse para Cameron, “Sou cético; eu não acho que esta seja a tumba de Jesus, mas mantenham a mente aberta. Serei positivo sobre coisas que posso ser positivo, e serei muito cético sobre coisas que merecem meu ceticismo, baseado num conhecimento que adquiri nos últimos 20 anos no campo da arqueologia”.

“Poderia ser dito que se Jesus foi realmente enterrado em Jesusalém, e eu penso que nós não podemos duvidar das evidências apresentadas nos Evangelhos (eu realmente não posso comentar a matéria sobre ressurreição). Quando o tempo chegou para o sepultamento da família de Jesus, incluindo José e Maria, e posteriormente James e outros membros da família, eles tiveram de ser enterrados em algum lugar. E porque não em Jerusalém? Também, teoricamente, devo dizer que a tumba de Jesus era situada na área da Igreja do Santo Sepulcro, e que sua família provavelmente deve ter sido enterrada numa caverna nas vizinhanças de Jerusalém”.

“Eu preciso adicionar que pela forma que eu separei “a tumba de Jesus” da “tumba da família de Jesus” não é algo feito pelos produtores do documentário. Eles atualmente vêem que os dois são um só e o mesmo. Isso, em parte, por causa da inscrição “Jesus, filho de José” num ossuário da tumba, mas Jesus e José eram nomes extremamente comuns naquela época. E mesmo se os criadores do documentário estivessem corretos e esta fosse a tumba da família de Jesus, isso não significa que o Jesus cujo nome está no ossuário seja o mesmo Jesus bíblico. Além disso, você pode ter dois, talvez até três, Jesus na mesma família, especialmente se esta caverna para sepultamento fosse usada para enterrar várias gerações.

Eu continuo aberto para a possibilidade de que aquela é a tumba da família de Jesus, na área de Jerusalém, com a tumba de Jesus (dele só) situada no local tradicional que é a Igreja do Santo Sepulcro. Nos precisamos de mui mais evidências antes que possamos dizer que a tumba de Talpiot é a tumba da família de Jesus”.

FÍSICO ANTROPOLOGISTA (PHYSICAL ANTHROPOLOGY)

JOE ZIAS (NÃO APARECE NO FILME)

Dr. Zias foi o antropologista chefe da instituição Autoridade das Antiguidades de Israel, no período da descoberta da tumba de Talpiot. Ele mesmo não aparece no filme, mas ele apareceu há 10 anos atrás num filme anterior na mesma tumba, para uma produção da televisão britânica (que propunha uma reivindicação similar).

Numa entrevista postada em LINK Zias responde:

Entrevistador: “É justo dizer que os ossuários, como os encontrados em Talpiot, foram usados por mais de uma pessoa?”

Zias: “Mais que uma pessoa! De fato, se você olhar em ‘Atiqot, 1992, Volume 21, você vai encontrar um relatório de uma tumba que permaneceu intacta na antigüidade, que eu escavei com Varda Sussman. Ela trabalhou com a arqueologia, eu com a antropologia. Nele estava um dos ossuários de pedra mais bonito e duro descoberto até aquele dia. Ela disse, ‘este é o ossuário de José filho de Hanania’. Junto com José, outras cinco pessoas estavam dentro do ossuário. Esta é a razão pela qual o DNA não serve como evidência”.

Entrevistador: “Nós não sabemos que DNA é esse.”

Zias: “Exatamente. Eu tive que rir quanto eles foram fazer o DNA no ossuário, e eles disseram que acharam restos de uma mulher. Bem, lá dentro devia haver dois homens e três mulheres. Quando eu disse seis pessoas, contava com bocados e partes de outras cinco pessoas. É muito raro encontrar um ossuário com uma só pessoa dentro, mesmo que ele diga “Martha” ou “José” ou algo parecido com isso. Fora os 15 ossuários [encontrados na escavação], penso que três deles tem no mínimo cinco ou seis pessoas dentro. Então, o verdadeiro José estaria acima? Naquela tumba havia oitenta e oito pessoas. Cinqüenta ossuários, oitenta e oito pessoas! E mais que isso, obviamente, não estavam em ossuários. Há no mínimo quatro ou cinco gerações ali. Essas pessoas não são uma família nuclear; ali estão várias famílias. E outra coisa – há uma lei no judaísmo que diz que você pode ser enterrado com alguém que já dividiu a cama com você; então, por exemplo, dois irmãos que cresceram juntos, dormindo na mesma cama; um marido e uma mulher; uma mãe com três filhos que morreram antes de cinco anos”.

Entrevistador: “Então, com base nisso, o marido e a mulher deveria terminar os dois no mesmo ossuário.”

Zias: “Juntamente com alguns outros. Você precisa entender, essas pessoas não entendem anatomia. Digo, você acha pedras no ossuário, você acha raízes, você acha parasitas – ovos calcificados de parasitas. Você encontra muita coisa. É muito, muito raro, encontrar ossuários com uma só pessoa dentro. É uma exceção extrema. Não há como informar os tipos de relacionamento entre elas. Simplesmente porque diz “Jesus filho de José”, não significa que aquele ossuário se relaciona com o ossuário que está escrito “José”. O ossuário que diz “José” deve conter duas ou três gerações antes dele. Não há como dizer. Aquele José pode ter sido um tio, um ‘primo de segunda’, etc”.

EPIGRAFISTA

FRANK MOORE CROSS

Professor Emérito de Hebraico e de Línguas Orientais, Universidade de Harvard

Quando argüido no filme a respeito do “filho de José” e também pelo “Jesus”, partes das inscrições, Prof. Cross respondeu:

"Isto está ficando muito informal e, particularmente, uma bagunça".

Depois de exibir uma certa porção de dificuldade em localizar certas letras no nome, foi solicitado que pronunciasse o nome completo. Nessa hora disse com alguma confiança:

"Há um X aqui antes do nome e então o nome Jesus, então o nome do pai é perfeitamente claro, Jo-sé, o filho de José. Eu não tenho nenhuma dúvida disto, é para ser lido Jesus e então, Jesus filho de José”.

Entretanto, mais tarde, criticando este seguimento do filme, The National Review apontou:

"O professor de Harvard, Frank Moore Cross, aparece várias vezes na tela, na maioria das vezes para ler a inscrição do ossuário. A presença do prof. Cross, um distinto acadêmico de uma excelente universidade, é significativa para prover certificação intelectual ao programa. Contudo, Jacobovici pede que ele simplesmente leia as palavras no ossuário. Enquanto isso acontece, ninguém nega que são esses mesmos os nomes. Mas, são realmente os ossuários do filho de Deus e de seus pais terrenos?” Jacobovici não pede a opinião de Cross a respeito disso, este iminente professor. Então eu perguntei. Veja a resposta de Cross neste e-mail:

“Eu sou cético sobre as reivindicações de Jacobovici, não por causa de uma leitura defeituosa do ossuário onde se lê “Jesus filho de José”. Eu acredito, mas, porque a lista de nomes próprios [onomástica] neste período, em Jerusalém é extremamente estreita. Os nomes patriarcasis e bíblicos se repetem ad nauseam. Contou-se que 25% dos nomes femininos nesse período eram Maria/Miryam, etc., que são variantes de Mari. Então as estatísticas citadas são sem valor. Você sabe o provérbio: mentiras, malditas mentiras e estatísticas”.

"Por alguma razão, Cross não teve a chance de dizer isto na câmera”.

Para maiores informações, leia o artigo completo em The National Review’s website: LINK

STEPHEN PFANN

Epigrafista da Universidade da Terra Santa, foi convidado para ler as inscrições e para examinar os ossuários para o filme. Notificou os produtores que tinha descoberto leituras diferentes em pelo menos um dos ossuários à luz de novas fotografias. Pediu para não ser citado no filme e os produtores aceitaram. Embora o filme diga outra coisa, ele não ajudava Steven Cox.

"Foram os restos de Jesus e Maria Madalena encontrado nos arredores da moderna Jerusalém? Sim, diz Cameron e Simcha Jacobovici em seu controverso documentário, O Sepulcro Perdido de Jesus. Ele afirma que o nome Mariamene, mais especificamente “Maria, a mestra”, é a designação chave de Maria Madalena. Para os produtores, a existência de um ossuário com esse raro nome, juntamente com a combinação dos nomes de outros ossuários, comprova que aquele é o sepulcro da família de Jesus. Sem isso, eles crêem ser difícil manter esta reivindicação. Isto é chamado de “Ringo” das hipóteses, o nome que muda a combinação “John, Paul, e George” de ser ordinariamente os “Beatles”.

"Entretanto, aqui estão as observações do Prof. Pfann:

However here are Prof. Pfann's observations in brief:

* A transcrição original da inscrição está incorreta.

* Na inscrição não se lê “Mariamene a mestra”, nem o nome Mariamene ou Mariamne aparece no ossuário afinal.

* A inscrição reflete dois escritores diferentes, que usaram formas distintas de escrita do grego.

* A leitura correta da inscrição seria “Mariame e Mara”, baseada nas inscrições contemporâneas paralelas e documentos.

* O ossuário continha os ossos de pelo menos duas mulheres diferetes, enterradas em épocas diferentes, uma chamada Mariame e a outra Mara.

* Não há suporte algum para afirmar que aquele ossuário era o de Maria Madalena.

Conclusão:

"O ossuário chamado “Mariamene” contem os nomes e os restos de dois indivíduos distintos. O primeiro nome no ossuário, ‘MARIAME’, está escrito em grego comum numa escrita documentada num período da inumação dos ossos desta mulher. A segunda e terceira palavrsa, “KAI MARA”, foram adicionados algum tempo depois por um segundo escriba, quando os ossos da segunda mulher foi adicionada no ossuário. Esta escrita a mão, inclui numerosos elementos cursivos não exibidos pelo primeiro escriba que escreveu “Mariame”.

"Em vista do que foi dito acima, não há nenhuma razão para se tentar ligar este ossuário (ou os ambíguos traços de DNA de dentro) com Maria Madalena ou qualquer outra pessoa na tradição bíblica, ou não bíblica”.

“Eu estava relutante se minhas observações iniciais poderiam ter sido incluídas no filme, desde que ganhei acesso para ver fotos melhores e pude checar minhas observações contra as inscrições adicionais”.

“Relutante em incorporar minhas observações mais recentes a respeito dos ossuários, os produtores removeram respeitosamente as notas das minhas observações do filme. Eles, entretanto, rebatizaram meu papel na película. Inicialmente, eu tinha sido convidado por eles para fazer declarações em paleografia e epigrafia, foi o que fiz. Contudo, meu papel final parece ser curiosamente e ficticiamente o de me tornar o ‘assistente de Steven Cox, perito forense’, que estava longe do caso”.

Para ler todo o artigo de Stephen Pfann, com fotos do ossuário, visite o endereço: LINK

EVIDÊNCIA DE DNA

CARNEY MATHESON

Examinador forense e Oficial científico(?) da Universidade de Lakehead Laboratório Paleo-DNA e Professor associado do departamento de antropologia.

Thunder Bay, Ontario.

Matheson supervisionou os testes de DNA e interpretou os resultados no filme.

Dr. Matheson é citado no blog da Scientific American:

"Finalmente, Carney Matheson, cujos títulos incluem tudo do arqueologismo mortuário para examinadores forenses, conduziu o exame do DNA que o filme cita. Basicamente, os produtores rasparam uma quantidade minúscula de material biológico fora do ossuário (ou caixa de ossos) nomeada Jesus, e outra quantidade mínima do outro que eles pensam pertencer a Maria Madalena. Matheson arranjou a seqüência mitocondrial do DNA em ambas as amostras a fim de estabelecer quem quer que seja que aquelas caixas continham, uma vez que não estavam relacionadas com o lado da mãe (de Jesus) – em outras palavras, não eram da família. É um resultado negativo embora não diga muito (e pede a pergunta – se você estiver recolhendo o material para testar, porque não se testar as caixas que você acredita pertencer a pessoas relacionadas, tais como Jesus e sua mãe também?

"Matheson tinha isto para dizer:

“A única conclusão que nós tivemos, foi de que estes dois jogos não eram maternalmente relacionados. A mim soa como absolutamente nada”.

Para ler mais, vá para o blog da revista Scientific American, de 2 de março de 2007, em LINK.

CHARLES PELLEGRINO

Paleontologista, autor

Foi conselheiro e participante do filme, e co-autor do livro com Simcha Jacobovici. LINK

"Eu não pude examinar pessoalmente os fragmentos estudados por Carney Matheson, no laboratório da Thunder Bay. Eles podem, de fato, ser pequenos fragmentos de osso. Eu só posso dizer do material o que eu examinei pessoalmente. Não somente encontrou-se (até agora) uma completa ausência de material ósseo – mas, também uma ausência completa das assinaturas biológicas usuais do osso que deterioram-se em um ossuário (traços do nematode, etc). Adicionalmente, as fibras nas amostras de concreção (?), são inconsistentes com o que acontece normalmente às fibras durante o longo período do primeiro sepultamento (a metade de sua massa é usualmente moldes de hastes pretas; visto que as fibras de Jesus, embora antiga e tivessem minerais incluídas, eram puras). Se lá houver ossos de Jesus no ossuário, então a grande massa de ossos que havia ali foi removida por alguém, muitos séculos atrás. Nós ainda estamos tentando explicar isto; mas há uma significante anomalia no ossuário de Jesus”.

ANÁLISE DA PÁTINA

[Steven Cox e Charles Pellegrino foram mostrados várias amostras dos ossuários e comentando o que eles fariam. Pellegrino trouxe as amostras de pátina dos armazéns de Beth Shemes para o Dr. Robert Genna em Nova York para análise].

STEVEN COX

Cientista Forense, University of the Holy Land

Com relação ao que foi sugerido sobre o “confere” entre os ossuários de “James filho de José”, irmão de Jesus, e o de “Jesus filho de José”, o sr. Cox aponta:

A decisão forense final que poderia ser derivada do exame das amostras nos ossuários, que mostraram um EDS espectral combinado é como se segue. As amostras coletadas pretendem ter sido coletadas dos ossuários, a fonte é ‘intraceável’ e a orientação é não-identificável, indicando que os ossuários podem ter sido originados da mesma pedreira da mesma [whence] de onde foram cortados. Para chegar a uma opinião que exibe uma origem comum, se requereria testar amostras da pedra dos ossuários, com as das numerosas pedreiras do local. Isso permitiria que se desenhasse uma base de dados químicos mais confiável do que o que foi feito no documentário.

Num artigo do site da UHL (University of the Holy Land), Steven Cox cita um grande número de erros e de más interpretações sistemáticas dos resultados exibidos no filme.

OBSERVAÇÕES DE ERRO

Sublinhando erros lógicos

Uma conclusão foi formada primeiramente por meio de especulação e conjectura, então os fatos foram convertidos para dar suporte uma noção preconceituosa.

Especulação e conjectura são convertidas em FATOS sem suporte lógico ou confirmado por uma metodologia científica.

Erros de coleção das amostras

Erros de contaminação das amostras

Erros na preparação das amostras

Erros na orientação das amostras

“Deve ser muito evidente neste momento que o relatório da equipe de TLTJ é, no melhor dos casos, uma superestimação de suas opiniões, baseada em fatos limitados, protocolo científico pobre, fontes de erros não resolvidas e uma pobre pesquisa científica. Em minha opinião, uma das melhores ferramentas que um cientista forense aprende não é como operar um instrumento. Antes, é como avaliar logicamente o peso do resultado derivado da evidência ou dos artefatos examinados. No trabalho forense, alguém entrega uma vida nas mãos da justiça. É um suspeito ou uma vítima do crime, o resultado seguinte dos testemunhos afetará essa vida para sempre. Então, um cientista forense tem que fazer um exame das opiniões e das conclusões muito seriamente. Se este tipo de método, conservador e cauteloso, fosse aplicado ao documentário de TLTJ, o programa provavelmente não seria vítima de tantas observações ou, no melhor dos casos, produziria um jornalismo mais responsável”.

Para ler o artigo todo, vá para LINK

CHARLES PELLEGRINO

Paleontologista e "polymath" participou de várias cenas, tirando amostras de ossuários e monitorando os resultados na pátina.

Ele exclamou que o teste da pátina entre os ossuários de “James filho de José, irmão de Jesus” e o de “Jesus filho de José” eram “coincidentes” [match].

“Agora: uma coisa eu preciso pontuar, sobre o filme. Quando eu exclamei, no laboratório, que [a pátina de James] ‘coincidia’, eu estava agindo sem excitação. Eu tinha esperado que certamente que o ossuário de James não ia combinar com o sepulcro de Talpiot em tudo. Forensemente falando, quando você utiliza um método ainda sob desenvolvimento, a palavra ‘coincide’ [match] não deve ser incluída na narração ou no texto narrativo (ou nas entrevistas). O ‘coincide’ é o que você diria, aproximadamente, num método mais desenvolvido, com um registro de trilhas provado, que remonta para trás sete anos ou mais – tal como o teste da digital humana ou o teste de DNA. Neste estágio, ao discutir resultados reais, você poderia estar se referindo a um spectro elementar que ecoe o descanso do túmulo, ou ao ossuário de James. Por favor uso o termo “isto é consistente” em vez de “é coincidente”.

Vejo você depois,

Charlie P.

Para ler toda a discussão vá para: LINK

PROSOPOGRAPY (?)

Wikipédia – é a ciência que investiga as características comuns do pano-de-fundo de um grupo histórico, cuja biografia individual seja “intraçável;intraceável” por meios de coleta de estudos de suas vidas.
TAL ILAN

Professor de estudos judaicos, Universidade Livre, Berlin; fez comentários no filme sobre o significado dos nomes nos ossuários.

Mais tarde, o Prof. Ilan foi caracterizado no blog da Scientific American no ossuário.

Na nota especial era Tal Ilan, cujo léxico de nomes judeus era essencial ao cálculo estatístico feito por Andrey Feuerverger, o professor da University of Toronto de estatística matemática, que é citado no documentário como aquele que disse que a probabilidade de outra família, além da família histórica de Jesus, ter os mesmos nomes da família encontrada naquele sepulcro é de 600 por 1. Em outras palavras, esse número se discute, as probabilidades são mínimas que este não seja o sepulcro de Jesus...

Em uma entrevista que eu conduzi esta manhã, o professor Tal Ilan, sem cujo trabalho esses cálculos seriam impossíveis, o ultraje expressado sobre o filme e o uso de seu trabalho foi expresso assim: “Acho isso completamente estraviado. Estou irritado!”

Para ler mais vá para o blog da Scientific American, de 2 de março de 2007, em LINK

ANÁLISES ESTATÍSTICAS

ANDREY FEUERVERGER

O professor de estatística da Universidade de Toronto, foi figura central no filme por produzir dados estatísticos que fornecem a probabilidade de 600:1, contra a possibilidade da tumba de Talpiot poder ser de qualquer outra família, que não a de Jesus de Nazaré.

Dr. Joe D’Mello, um estatístico de Chicago, apontou que o Prof. Feuerverger recalculou as probabilidades e que o Discovery Channel a desassociou completamente da reivindicação da probabilidade de 600:1 para Jesus.

(Ver quinta-feira, 15 de março de 2007, Post #5045 no blog de Darrell Bock. Publicado aqui com permissão do Dr. D’Mello.)

“Eu estou feliz em informar que o Discovery Channel removeu TODAS as reivindicações de seu website da probabilidade de 600:1, ser especificamente a favor de que a tumba é da família de Jesus”.

“Você pode recordar que eu tinha acrescentado em uma discussão com Dr. Andrey Feuerverger (estatístico in loco do documentário), e nós concordamos que a interpretação original da descoberta das probabilidades de 600:1 no sítio era incorreta e altamente corrompida para o público. Para seu benefício, eu estou reproduzindo abaixo do texto original e do texto novo, três parágrafos mudados. Note que todas as referências ao túmulo de Jesus foram removidas. Obrigado de novo a Andrey e também ao Discovery Channel por fazer estas mudanças acontecerem!”

“Agora que o Discovery Channel se afastou dos 600:1 de probabilidades (que era sua ‘cama de pedra’ nesse caso!) de que aquela era a tumba da família de Jesus, não se pode considerar o que este show fez com Jesus antes disso. Com essas mudanças, o show, em essência, foi agora diminuído de documentário numa ‘corrente surpresa de nomes’!”

As mudanças seguintes no site do Discovery Channel, é resultado do ‘recálculo’ do Prof. Feuerverger, anotado pelo Dr. D’Mello.

Mudança 1:

"Dr. Andrey Feuerverger, professor de estatística e matemática da Universidade de Toronto, concluiu uma alta probabilidade estatística de que a tumba de Talpiot seja a tumba da família de Jesus."

Mudou para:

" Dr. Andrey Feuerverger, professor de estatística e matemática da Universidade de Toronto, concluiu (com base nas suposições históricas indicadas) que é improvável surpreender-se com o levantamento de um conjunto de nomes semelhantes sob uma amostragem puramente aleatória”.

Mudança 2:

"Considerando as chances de que estes nomes estariam relacionados juntos numa tumba familiar, este estudo estatístico conclui que a probabilidade – nas bases mais conservadoras – são de 600 para 1 em favor desta ser a tumba da família de Jesus. Uma probabilidade estatística de 600 a 1, significa que esta conclusão pode ocorrer 599 vezes em 600”.

Mudou para:

"Levando em consideração as chances de que estes nomes estariam relacionados juntos numa tumba familiar, este estudo estatístico conclui que a probabilidade, sob a possibilidade aleatória de se observar um conjunto de nomes persuasivos, como este caso, dados os parâmetros populacionais, é de 600 para 1, esta conclusão significa que pode ocorrer 599 vezes em 600.

Mudança 3:

"Um estudo estatístico patrocinado pelas por programas de TV (Discovery Channel/Vision Canadá/C4 UK) conclui que o fator de probabilidade é de 600 para 1 que um conjunto igualmente ‘surpreendente’ de nomes seja levantado puramente por acaso, sob suposições dadas."

Mudou para:

"Um estudo estatístico patrocinado pelas por programas de TV (Discovery Channel/Vision Canadá/C4 UK) conclui que o fator de probabilidade está na ordem de 600 para 1 que um conjunto igualmente ‘surpreendente’ de nomes seja levantado puramente por acaso, sob suposições dadas."

EVANGELHOS APÓCRIVOS

FRANÇOIS BOVON

Professor de história da religião, Universidade de Harvard, participou do filme falando de "Mariamne", do documento do quarto século Os Atos de Felipe.

Os produtores do documentário “O Sepulcro Perdido de Jesus” e seus consultores afirmam, que o nome de Maria Madalena no apócrifo Atos de Felipe é “Mariamne”, e que era também corrente e atual para uma pessoa histórica do primeiro século. Eles se baseiam no importante trabalho do Prof. François Bovon, da Universidade de Harvard, que recentemente discobriu e publicou a primeira cópia completa dos Atos de Felipe.

Entretanto, o Prof. Bovon quer esclarecer que ele não disse em lugar nenhum, que o nome “Mariamne” dos Atos de Felipe, deve ser historicamente ligado à Maria Madalena do primeiro século. Para falar a verdade, os Atos de Felipe apresentam uma afirmação de improbabilidade geográfica de que a figura de “Mariamne” seja irmã de Filipe de Cesaréia e de Martha de Betânia. Na verdade, Bovon propôs que esta Mariamne, que foi evangelizada e batizada, era a mesma pergonsagem envolvida no período onde surgiu a ficção da Sábia Gnóstica e evangelista, mais proximamente ligada a Maria de Magdala dos Salmos de Manichean, o Evangelho de Maria, a o Pistis Sofia.

Baseado numa estória apócrifa como esta, que fala sobre um relacionamento próximo entre Maria Madalena e Jesus, e que concede uma alta proeminência para ela na igreja recente, os escritores de “O Sepulcro Perdido de Jesus” assumiram que Jesus e Maria eram casado e até produziram uma família. Destas três suposições – (1) Aquele nome de Maria Madalena não era Maria ou Mariam, como visto nos Evangelhos, mas preferivelmente “Mariamne”; (2) Aquela Mariamne dos Atos de Felipe é para ser identificada com Maria Madalena, ainda que os Atos de Felipe nunca diga isso explicitamente, e (3) aquele Jesus era casado e gerou uma criança – nenhuma é suportada por alguns dos registros mais antigos que tratam destes indivíduos, a saber os Evangelhos canônicos e Josephus.

Para uma leitura completa, http://www.uhl.ac/blog/

Veja a total “des-responsabilização” de Bovon nesta edição da Society of Biblical Literature Forum http://www.sbl-site.org/Article.aspx?ArticleId=656, que é citada abaixo:

“Desde que fui entrevistado pelo programa do Discovery Channel, “O Sepulcro Perdido de Jesus”, eu gostaria de expressar minha opinião aqui”.

“Primeiro, eu tenho visto o programa e eu não estou convencido de sua tese principal. Quando fui questionado por Simcha Jacobovici e por sua equipe, as questões foram totalmente direcionadas para os Atos de Felipe e o papel de Mariamne neste texto. Eu não fui informado do programa e nem da orientação que seria dada ao script...

“Quarto, eu não acredito que Mariamne seja o nome real de Maria Madalena. Mariamne é, além de Maria ou Mariam, uma possibilidade grega equivalente, atestada por Josephus, Orígenes, e os Atos de Felipe, para a tradução semítica de Miriam.

“Quinto, a Mariamne dos Atos de Felipe é parte do grupo apostólico de Felipe e Bartolomeu; ela ensinou e batizou. No princípio, sua fé é forte como a de Felipe. Este perfil de Mariamne cabe muito bem com o perfil da Mary de Magdala nos Salmos de Manichean, no Evangelho de Maria e no Pistis Sofia. Meu interesse não é histórico, mas no nível das tradições literárias. Eu sugeri esta identificação em 1984, num artigo de estudos do Novo Testamento”.

O fato é que todo o desafio acadêmico desafia suas próprias premissas, era preferível que fosse tratado cientificamente, foi publicamente desmentida pelo núcleo da equipe, membros do filme.

Aparentemente, os únicos participantes no filme que ainda defendem suas premissas, também no livro, são seus produtores (J. Cameron e S. Jacobovici), os escritores do livro (C. Pellegrino e S. Jacobovici) e seu conselheiro histórico James Tabor (autor do recente livro A Dinastia de Jesus, que dá suporte ao filme). Vale salientar que o Discovery Channel cancelou a segunda aparição do filme e postergou o lançamento do DVD. O livro, continua sendo lido apesar de tudo, e não demorou para constar na lista de bestsellers do New York Times.

CONCLUINDO

Porque tantos acadêmicos tiveram que se retratar de suas afirmações neste filme? Diversos fatores afetam a maneira que as indicações dos peritos aparecem no filme.

1. Primeira de todas, quando os entrevistadores faziam uma pergunta, o perito freqüentemente não fazia idéia da direção que aquela discussão tomaria.

2. A entrevista era freqüentemente apresentada na forma de uma solicitação de apresentação da opinião de um expert. Entretanto, o expert não pode reconsiderar os resultados de suas observações iniciais (para verificar mais seus resultados com seus pares e dados adicionais), na direção de prover uma declaração mais exata e resguardada. Observações iniciais, eram somente isso. Conclusões finais podiam ser arquivadas com a passagem do tempo no laboratório e na biblioteca.

3. Há sempre uma edição a mais das entrevistas, em que edição e re-contextualização das declarações dos acadêmicos, pelos produtores, iria criar uma série de impressões enganadoras.

EQUIPE DA UHL